A Petrochina substituirá a ExxonMobil como principal acionista na operação do campo de petróleo Qurna Ocidental 1, na região de Basra, no Iraque. Trata-se de uma das maiores reservas conhecidas, com capacidade extrativa estimada em 20 bilhões de barris e produção diária de 560 mil barris de petróleo. Com isso, a empresa norte-americana encerra sua operação no Iraque.
Categoria: Notícias (Visão Católica antigo)
Rússia: F-16 para Ucrânia são ameaça nuclear
O ministro das relações exteriores russo, Sergey Lavrov, afirmou em entrevista publicada ontem pelo portal Lenta.ru que os caças norte-americanos F-16 que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) pretende entregar à Ucrânia representam uma ameaça de ataque nuclear da OTAN à Rússia. “Gostaria de chamar a atenção para o fato de que os EUA e seus satélites da OTAN criam riscos de confronto armado direto com a Rússia, e isso está repleto de consequências catastróficas.”
A afirmação foi feita respondendo a uma pergunta sobre a discussão existente a respeito da suposta possibilidade de a Rússia usar armas nucleares no conflito ucraniano – a que o ministro não responde diretamente, remetendo aos documentos sobre a doutrina militar russa. Então, ele chama a atenção para o que caracteriza como ameaça nuclear da OTAN.
Os caças F-16 (especialmente aqueles que os Estados Unidos mantém na Alemanha e na Turquia) são capazes de levar armas nucleares, e estão baseados próximo das regiões ocidental e meridional da Rússia – suas regiões mais povoadas e, no caso do Cáucaso, uma de suas fontes principais de petróleo e gás natural. Lavrov afirmou que avisou “às potências nucleares, EUA, Grã-Bretanha e França, que a Rússia não pode ignorar a possibilidade de esses aviões levarem armamento nuclear. Nenhuma garantia resolverá isso.”
No curso das hostilidades, nossos combatentes não considerarão se cada uma dessas aeronaves está carregando armas nucleares ou não. (Sergey Lavrov)
Doutrina militar russa sobre uso de armas nucleares
Segundo a doutrina militar russa, o uso de armas nucleares seria possível quando ataques ao país (mesmo com armas convencionais) representarem uma “ameaça à própria existência do Estado”. As hipóteses para uso delas incluem:
- Uso de armas de destruição em massa contra a Rússia ou seus aliados.
- Agressão com o uso de forças armadas convencionais que ameace a própria existência do Estado russo.
- Obtenção de informações confiáveis sobre o lançamento de mísseis balísticos contra o território russo.
- Ataque inimigo a instalações críticas da Federação Russa ou instalações militares cuja falha leve ao colapso das ações retaliatórias nucleares russas.
O presidente russo, Vladímir Putin, aliás, já expressou sua atitude negativa quanto à ideia de usar armas nucleares táticas como elemento de dissuasão nuclear.
Bispos católicos se posicionam sobre a eleição presidencial
Nesta segunda-feira (24, dia de Santo Antônio Maria Claret, bispo), bispos de todo o Brasil divulgaram uma carta aberta afirmando que “a Igreja não tem um partido, mas tem um lado: do amor, da justiça, da liberdade religiosa e da inclusão social”.
“Não se trata de uma disputa religiosa, nem de mera opção partidária e, tampouco, de escolher o candidato perfeito, mas de uma decisão sobre o futuro de nosso país, da democracia e do povo. A Igreja não tem partido, nem nunca terá, porém ela tem lado, e sempre terá: o lado da justiça e da paz, da verdade e da solidariedade, do amor e da igualdade, da liberdade religiosa e do Estado laico, da inclusão social e do bem viver para todos.” (Bispos do Diálogo pelo Reino)
Chamado A gravidade do segundo turno das eleições 2022, o documento demonstra como o atual governo contraria as normas morais e sociais do cristianismo, especialmente o segundo, o quinto e o oitavo mandamentos. Comparando os governos dos dois postulantes à Presidência da República, deixa claro que Lula é democrático e “comprometido com a defesa da vida, a partir dos empobrecidos”, que ele “cuida da educação, saúde, trabalho, alimentação, cultura”; ao contrário, Bolsonaro tem um projeto autoritário, é “comprometido com a economia que mata” e “menospreza as políticas públicas, porque despreza os pobres”. No final, afirmam que a motivação deles é ética e não decorre do seguimento de um líder político, nem de preferências pessoais, mas vem da fidelidade ao Evangelho de Jesus e à Doutrina Social da Igreja e ao magistério profético do Papa Francisco.”
Leia a íntegra da carta:
A GRAVIDADE DO SEGUNDO TURNO DAS ELEIÇÕES 2022
Irmãos e irmãs,
Somos bispos da Igreja Católica de várias regiões do Brasil, em profunda comunhão com o Papa Francisco e seu magistério e em plena comunhão com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB que, no exercício de sua missão evangelizadora, sempre se coloca na defesa dos pequeninos, da justiça e da paz. Lideramos a escrita de uma primeira Carta ao Povo de Deus, em julho de 2020. Diante da gravidade do momento atual, nos dirigimos novamente a vocês.
O segundo turno das eleições presidenciais de 2022 nos coloca diante de um dramático desafio. Devemos escolher, de maneira consciente e serena, pois não cabe neutralidade quando se trata de decidir sobre dois projetos de Brasil, um democrático e outro autoritário; um comprometido com a defesa da vida, a partir dos empobrecidos, outro comprometido com a “economia que mata” (Papa Francisco, A Alegria do Evangelho, 53); um que cuida da educação, saúde, trabalho, alimentação, cultura, outro que menospreza as políticas públicas, porque despreza os pobres. Os dois candidatos já governaram o Brasil e deram resultados diferentes para o povo e para a natureza, os quais podemos analisar.
Iluminados pelas exigências sociais e políticas de nossa fé cristã e da Doutrina Social da Igreja Católica, precisamos falar de forma clara e direta sobre o que realmente está em jogo neste momento. Jesus nos mandou ser “luz do mundo” e a luz não deve ficar escondida (Mt 5,15).
Somos testemunhas de que o atual Governo, que busca a reeleição, virou as costas para a população mais carente, principalmente no tempo da pandemia. Apenas às vésperas da eleição, lançou um programa temporário de auxílio aos necessitados. A 59ª Assembleia Geral da CNBB constatou “os alarmantes descuidos com a Terra, a violência latente, explícita e crescente, potencializada pela flexibilização da posse e porte de armas […]. Entre outros aspectos destes tempos, estão o desemprego e a falta de acesso à educação de qualidade para todos. A fome é certamente o mais cruel e criminoso deles, pois a alimentação é um direito inalienável” (Mensagem da CNBB ao Povo Brasileiro sobre o Momento Atual). A vida não é prioridade para este governo.
O chefe de Governo e seus apoiadores, principalmente políticos e religiosos, abusaram do nome de Deus para legitimar seus atos e ainda o usam para fins eleitorais. O uso do nome de Deus em vão é um desrespeito ao 2º mandamento. O abuso da religião para fins eleitoreiros foi condenado em nota oficial da presidência da CNBB (11/10/2022), para a qual “a manipulação religiosa sempre desvirtua os valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que necessitam ser debatidos e enfrentados em nosso Brasil”.
Enquanto dizia “Deus acima de tudo”, o Presidente ofendia as mulheres, debochava de pessoas que morriam asfixiadas, além de não demonstrar compaixão alguma com as quase 700 mil vidas perdidas para a covid-19 e com os 33 milhões de pessoas famintas em seu país. Lembramos que o Brasil havia saído do mapa da fome em 2014, por acerto dos programas sociais de governos anteriores. Na prática, esse apelo a Deus é mentiroso, pois não cumpre o que Jesus apresentou como o maior dos mandamentos: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo (Mt 22, 37). Quem diz que ama a Deus, mas odeia o seu irmão é “mentiroso” (1Jo 4,20).
Os discursos e as medidas que visam armar todas as pessoas e eliminar os opositores estão em contradição tanto com o 5º mandamento, que diz “não matarás”, quanto com a Doutrina Social da Igreja, que propõe o desarmamento e diz que “o enorme aumento das armas representa uma ameaça grave para a estabilidade e a paz” (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 508).
Vivemos quatro anos sob o reinado da mentira, do sigilo e das informações falsas. As fake news (notícias falsas veiculadas como se fossem verdades) se tornaram a forma “oficial” de comunicação do Governo com o povo. Isso fere o 8º mandamento, de não levantar falso testemunho, mas mostra também quem é o verdadeiro “senhor” dos que, perversamente, se dedicam a espalhar falsidades e ocultar informações de interesse público. Jesus diz que o Diabo é o pai da mentira (Jo 8, 44), enquanto Ele é o “caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6).
A Mensagem ao Povo Brasileiro, da 59ª Assembleia Geral da CNBB, alertou-nos, também, de que “nossa jovem democracia precisa ser protegida, por meio de amplo pacto nacional”. No entanto, o atual governo e os parlamentares que o apoiam ameaçam modificar a composição do Supremo Tribunal Federal para criar uma maioria de apoio aos seus atos. O controle dos poderes Legislativo e Judiciário sempre foi o passo determinante para a implantação das ditaturas no mundo.
Os cristãos têm capacidade para analisar qual dos dois projetos em disputa está mais próximo dos princípios humanistas e da ecologia integral. Basta analisar com dados e números e perguntar: qual dos candidatos concorrentes valorizou mais a saúde, a educação e a superação da pobreza e da miséria e qual retirou verbas do SUS, da educação e acabou com programas sociais? Quem cuidou da natureza, principalmente, da Amazônia e quem incentivou a queima das florestas, o tráfico ilegal de madeiras e o garimpo em terras indígenas?
Não se trata de uma disputa religiosa, nem de mera opção partidária e, tampouco, de escolher o candidato perfeito, mas de uma decisão sobre o futuro de nosso país, da democracia e do povo. A Igreja não tem partido, nem nunca terá, porém ela tem lado, e sempre terá: o lado da justiça e da paz, da verdade e da solidariedade, do amor e da igualdade, da liberdade religiosa e do Estado laico, da inclusão social e do bem viver para todos. Por isso, seus ministros não podem deixar de se posicionar, quando se trata de defender a vida do ser humano e da natureza. Nossa motivação é ética e não decorre do seguimento de um líder político, nem de preferências pessoais, mas vem da fidelidade ao Evangelho de Jesus, à Doutrina Social da Igreja e ao magistério profético do Papa Francisco.
Deus abençoe o povo brasileiro e o Espírito Santo de sabedoria e verdade ilumine nossas mentes e corações, na hora de votarmos nesse segundo turno das eleições de 2022. Vejamos Jesus no rosto de cada pessoa, especialmente dos pobres que sofrem e não em autoridades humanas que os manipulam em nome de um projeto ideológico de poder político e econômico.
Em 24 de outubro de 2022, Memória de Santo Antônio Maria Claret, bispo.
Bispos do Diálogo pelo Reino
(Informações do CIMI.)
CPT anuncia apoio a Lula
A Comissão Pastoral da Terra (CPT), pastoral católica vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) anunciou na segunda-feira (17) seu apoio ao candidato Luís Inácio Lula da Silva, do PT. A carta aberta afirma que “o Projeto de governo para o Brasil apresentado pelo PT e demais partidos aliados é o que melhor assume o compromisso com a promoção da vida humana digna em toda sua amplitude, com a proteção do meio ambiente, com o fortalecimento da agricultura familiar camponesa, com a demarcação dos territórios indígenas, dos povos e comunidades tradicionais e com a Reforma Agrária” (grifo nosso).
Leia a íntegra do documento:
Carta Aberta sobre o segundo turno das eleições
A CPT – Comissão Pastoral da Terra, através da sua Diretoria e da Coordenação Executiva Nacional dirige-se ao conjunto da sociedade brasileira, aos movimentos sociais, aos regionais, equipes de base e especialmente às comunidades campesinas, tradicionais e povos originários para manifestar seu posicionamento institucional diante da escolha fundamental a ser feita pelos eleitores e eleitoras no segundo turno das eleições presidenciais do próximo dia 30 de outubro.
Após um longo processo de reflexão e debates internos, a CPT divulgou em 13 de junho deste ano um manifesto destacando, diante do pleito eleitoral de 2022, seu compromisso com as comunidades e povos tradicionais. Num contexto político marcado pelo autoritarismo, mercantilização da vida, crise climática, guerras e pandemias conclamamos todos e todas “à participação consciente, regida por critérios éticos, ao apoio político a candidaturas camponesas ou comprometidas com a pauta da reforma agrária, da demarcação das terras indígenas e dos territórios dos povos e das comunidades tradicionais, da ecologia e da agroecologia, da vida digna no campo, nas águas e nas florestas”.
Nesse momento de absoluta polarização, mais uma vez ressaltamos essa convocação. Frente ao pleito eleitoral mais disputado desde o período de redemocratização do Brasil em 1988, manifestamos nosso apoio ao candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Luís Inácio Lula da Silva, por sua história política e capacidade de diálogo pautado na defesa da democracia, características necessárias à reconstrução do País, em contraposição ao posicionamento fascista levado a cabo pelo candidato de extrema direita e atual Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro.
Mesmo com as alianças e adesões no segundo turno, que nos deixam preocupados, consideramos que o Projeto de governo para o Brasil apresentado pelo PT e demais partidos aliados é o que melhor assume o compromisso com a promoção da vida humana digna em toda sua amplitude, com a proteção do meio ambiente, com o fortalecimento da agricultura familiar camponesa, com a demarcação dos territórios indígenas, dos povos e comunidades tradicionais e com a Reforma Agrária.
Consideramos urgente a promoção de medidas de erradicação da fome, da miséria, a efetiva distribuição de renda, o fortalecimento de políticas públicas em favorecimento daqueles que não possuem acesso ao mínimo elementar à sua sobrevivência, e a garantia de direitos fundamentais e trabalhistas para toda a população, com a participação popular no governo em espaços compostos pela Sociedade Civil, tais como: os Conselhos de Direitos e o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, bem como a reativação dos órgãos de fiscalização e controle em defesa da terra, dos territórios e das águas.
Concordamos com o que foi dito na Carta da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) acerca dessas eleições: “No Brasil, a busca pelo bem de poucos, que já têm muito, ameaça a vida de todos, especialmente, dos mais pobres”.
Acreditamos que somente com mobilização popular durante e após as eleições, seremos capazes de reverter o quadro nefasto de ameaças à ordem democrática estabelecido no Brasil. Por isto deveremos estar sempre vigilantes, fortalecer os processos coletivos nas bases, a formação e participação do povo para a construção e implementação de um projeto popular humano e justo.
Nos dias em que festejamos a padroeira do Brasil e o Círio de Nazaré, lamentamos o crescimento do fundamentalismo religioso, do ódio e da violência, propagados entre irmãos e irmãs e a exploração da fé de milhares de cristãos. Durante a celebração realizada no Santuário de Aparecida, em São Paulo no dia 12 de outubro, o arcebispo da Arquidiocese, Dom Orlando Brandes, destacou: “Maria venceu o dragão. Temos muitos dragões que ela vai vencer. O dragão que já foi vencido, a pandemia, mas temos o dragão do ódio, que faz tanto mal, e o dragão da mentira, que não é de Deus.” A Nossa Senhora Aparecida, rogamos para que olhe em amparo para os pequeninos e para que derrube do trono os poderosos!
Goiânia, 17 de outubro de 2022.
Diretoria e Coordenação Executiva Nacional da Comissão Pastoral da Terra – CPT
Bolsonaristas rejeitam a fé cristã no PR
Em Fazenda Rio Grande, região metropolitana de Curitiba (PR), bolsonaristas impediram a profissão de fé durante missa no último dia 14. Após o padre afirmar na homilia que “o Deus da vida nunca estará ao lado de quem prega a violência” e exortar para que “Deus possa ser aquele que vai governar a nossa vida e também o Senhor de nossa sociedade”, pessoas presentes no local questionaram o presidente da celebração sobre aborto e voto em Lula, impedindo em seguida que fosse reafirmada e renovada a fé cristã pela oração do Creio. Assista o momento no vídeo:
Segundo a Instrução Geral do Missal Romano, documento normativo da Igreja Católica, a recitação do credo expressa a resposta da comunidade reunida na missa à Palavra de Deus e, com a reiteração da norma da fé, prepara para a celebração da Eucaristia:
“O símbolo ou profissão de fé tem por objetivo levar todo o povo reunido a responder à Palavra de Deus anunciada da sagrada Escritura e explicada pela homilia, bom como, proclamando a regra da fé por meio de fórmula aprovada para o uso litúrgico, recordar e professar os grandes mistérios da fé, antes de iniciar sua celebração na Eucaristia.” (Instrução Geral do Missal Romano, n. 67)
A rejeição à oração do Credo Apostólico caracterizou, portanto, a negação da Palavra recém-anunciada e dos mistérios que seriam em seguida celebrados na Eucaristia.
CNBB reage a agressões bolsonaristas
Errata: as informações abaixo se referem ao ocorrido há um ano (outubro de 2021). Este mês (outubro de 2022), houve em Aparecida arruaça, celebração de “mito” e ataques à TV Aparecida e ao dobrar dos sinos da Basílica de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Em vídeo, dom Walmor de Azevedo, presidente da CNBB, reagiu às agressões do deputado estadual bolsonarista Frederico d’Avila contra a Igreja, o papa Francisco e o arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes. A Igreja Católica também acionou o poder judiciário e a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo contra o parlamentar, espertando “punição exemplar”.
“Pedimos aos cidadãos e cidadãs, especialmente aos católicos, muita sensatez para não se deixarem convencer por políticos que disseminam o ódio e ataques à Igreja. A Igreja é livre para pronunciar o seu juízo moral acerca das realidades sociais sempre que os direitos fundamentais da pessoa, o bem comum ou a salvação humana o exigirem” (Dom Walmor de Azevedo)
Os ataques aconteceram após o arcebispo de Aparecida afirmar em homilia por ocasião do dia da padroeira do Brasil:
“Para ser pátria amada, seja uma pátria sem ódio. Para ser pátria amada, uma república sem mentira e sem fake news. Pátria amada sem corrupção. E pátria amada com fraternidade. Todos irmãos construindo a grande família brasileira.” (Dom Orlando Brandes)
Apoiadores do candidato à reeleição em nível federal perceberam que a homilia defendendo os valores cristãos foi contrária a tudo o que Bolsonaro defende e faz.
Ucrânia ataca usina nuclear antes de inspeção internacional
A Ucrânia atacou hoje (1º de setembro) a Usina Nuclear de Zaporojia, em Energodar, controlada pela Rússia desde março. Após contínuos bombardeios com artilharia e veículos aéreos não tripulados, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) agendou uma inspeção na usina prevista para começar ontem, mas adiada para hoje após uma reunião imprevista com o presidente ucraniano em Kiev.




Às 6h20 locais, segundo o Ministério da Defesa Russo, tropas ucranianas desembarcaram a noroeste da usina, provenientes do outro lado do reservatório de Kakhovka, no rio Dniepr, o que foi acompanhado por fogo de artilharia em áreas residenciais de Energodar. Enquanto isso, na região de Zaporojia controlada pela Ucrânia, a comitiva da AIEA enfrentava atrasos provocados por militares ucranianos que não permitiam sua passagem. Ao norte da usina, barcaças ucranianas que tentavam o desembarque próximo aos reatores foram afundadas.

Nos canais de Telegram, tanto pró-russos quanto pró-ucranianos, indicou-se que o planejamento da ação teria sido feito com auxílio da OTAN, especialmente do Reino Unido. Para o Ministério da Defesa russo, o objetivo seria tomar a usina de assalto antes da chegada da comitiva de inspetores internacionais para que estes se deparassem com uma situação pronta e se tornassem garantidores do domínio ucraniano sobre o local, mesmo cercado de tropas russas.
Apesar disso, os inspetores chegaram à usina e iniciaram seu trabalho. Inclusive inspecionaram o local em que os russos deixam os caminhões de transporte que servem às tropas que realizam a segurança da usina, e que haviam causado alvoroço entre contas pró-ucranianas de Twitter quando filmados pela primeira vez.
Segundo a administração de Energodar, três civis morreram nos ataques e dois jardins de infância foram atingidos pelo bombardeio ucraniano. Ao longo do dia, autoridades russas afirmaram que 64 militares ucranianos teriam conseguido desembarcar, sendo que 3 haviam sido presos e 2 estavam gravemente feridos.
As principais fontes das informações acima estão listadas abaixo:
Conversando com Leandro nº 3 – Guerra na Ucrânia
Nessa terceira edição de Conversando com Leandro, Leandro Fonseca e Leandro Arndt abordam o massacre de Bucha, o ataque com mísseis a Kramatorsk, a situação em Mariupol.
Sobre Bucha, retomou-se o artigo publicado aqui sobre a cronologia do massacre a partir de fontes ucranianas e ocidentais. Essa cronologia, a partir de informações divulgadas pelo próprio Estado ucraniano e por mídias que têm apoiado a posição ucraniana, demonstra a ocorrência de uma “depuração”, uma “operação de limpeza” da cidade contra “sabotadores e cúmplices dos russos”, o que pode ser entendido no mesmo sentido da “limpeza” genocida promovida pela Organização dos Nacionalistas Ucranianos. Isso, contudo, sem esconder, nem esquecer os crimes de guerra que os dois lados têm cometido na atual guerra.
Sobre Kramatorsk, foram evidenciados os meios disponíveis para investigação do incidente que matou dezenas de civis nessa cidade, pertencente ao oblast de Donetsk. Especialmente, a possibilidade de rastreio da origem do míssil – de um modelo que hoje não é mais operado pela Rússia, embora exista a possibilidade de tê-lo em estoque, mas que é operado e foi utilizado muitas vezes nesta guerra pela Ucrânia. Acima de tudo, nessa questão é preciso ter uma investigação ampla e adequada.
Também foram abordados temas como as sanções contra a Rússia e a expectativa de novos confrontos no Donbas.
Por fim, foi analisado o avanço russo na cidade de Mariupol, no sul do oblast de Donetsk, bastião do Batalhão de Azov (organização neonazista pertencente à Guarda Nacional da Ucrânia).
Cronologia do massacre de Bucha segundo fontes ucranianas e ocidentais
No último sábado (02/04), apareceram cenas terríveis de cadáveres em ruas de Bucha, a noroeste de Kiev, na Ucrânia. Os dois lados do conflito têm praticado crimes de guerra, mas o foco desta cronologia é somente um dos mais terríveis e mortíferos eventos até agora: o massacre de Bucha. Para isso, serão usadas somente fontes ucranianas e ocidentais.
10 de março de 2022
Imagens de satélite mostram uma vala comum aberta pelas autoridades ucranianas em Bucha, junto à igreja de Santo André Apóstolo e de Todos os Santos. Em 13 de março, é divulgado vídeo de pessoal ucraniano depositando 67 corpos nessa vala, o que é noticiado no dia seguinte pela emissora britânica BBC.
31 de março de 2022
No dia 30 de março, as forças russas desocuparam a cidade, conforme adiantado pelo ministro da defesa desse país. No dia seguinte, o governo ucraniano retoma a localidade, o que é comemorado pelo prefeito local, Anatoliy Fedoruk, em vídeo divulgado no Facebook – “uma grande vitória das nossas forças armadas”, disse ele, sem menção às cenas que seriam divulgadas depois.
1º de abril de 2022
No dia 1º de abril, o Batalhão Especial Auxiliar Safári, da Polícia Nacional da Ucrânia, realizou uma “operação de limpeza em Bucha de sabotadores e cúmplices da Rússia“. “A polícia faz tudo para restaurar a lei e a ordem no território liberado, de modo a que os habitantes possam retornar a sua cidade tão logo quanto possível”. Nenhuma menção aos cadáveres até então.
Atualização: no dia 2 de abril, a Polícia Nacional da Ucrânia divulgou vídeo confirmando a operação de “limpeza”. A palavra utilizada (зачистка) significa “limpeza, expurgo, depuração” – sendo que a partícula “за” adiciona ênfase, algo como “depuração completa”.
2 de abril de 2022
No dia seguinte, 2 de abril, pela primeira vez aparecem as imagens de corpos espalhados pela cidade de Bucha. Quem tiver interesse nas imagens, pode ver aqui e aqui, por exemplo. Mídias ucranianas dizem ser “os primeiros vídeos da cidade”. Nesse mesmo dia, o prefeito diz à Agência de Notícias AFP que as autoridades ucranianas “já sepultaram 280 pessoas em valas comuns”, sem cuidado com a investigação do massacre.
Conclusão
Esse massacre especificamente é somente um dos crimes cometidos nessa guerra. Não se trata apenas de uma invasão ilegal da Rússia em território ucraniano. Há notícias de outros crimes de guerra cometidos pelos dois lados, tais como atirar em prisioneiros rendidos e bombardear locais protegidos, como escolas, hospitais e um galpão identificado com o símbolo protegido da cruz vermelha – para o direito internacional, como exposto ontem pela Profª Drª Priscila Caneparo no segundo episódio de Conversando com Leandro, não importa nem mesmo que tais locais estejam sendo usados pelas forças inimigas, eles continuam sendo protegidos pelos tratados internacionais.
É essencial, para a proteção da população civil em locais de guerra, inclusive na Ucrânia, e para a adequada punição dos responsáveis, que sejam feitas perícias criminais – no caso do massacre de Bucha, determinando o momento e as condições das mortes, o que deixaria fora de dúvidas a autoria desse ato. Por outro lado, as autoridades ucranianas não tiveram essa precaução. Da parte da Rússia, sua implicação no assassinato da prefeita de Motyjin e de sua família parece mais clara.
Contudo, esse massacre em especial remete à ideologia da Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN), lembrada por sua colaboração com os nazistas, mas também responsável pelo massacre de poloneses, por exemplo. Os líderes dessa organização, tais como Yevgen Konovalets e Stepan Bandera, se tornaram os novos heróis da Ucrânia em contraposição aos antigos heróis dos tempos soviéticos. São homenageados das ruas de Lviv à escola militar do Batalhão de Azov. É uma ideologia que tem por objetivo realizar uma “operação de limpeza contra todos os inimigos da raça“, que “não pretende deixar “nem uma polegada de terra ucraniana nas mãos de inimigos e estrangeiros”. Ao que tudo indica, essa ideologia se torna cada dia mais uma prática.
(Foto em destaque: torre de tanque de guerra no segundo andar de construção em Tchernigiv, Ucrânia. Foto: Sergio Olmos.)
ACI distorce fala de Lula sobre aborto
A agência de notícias ACI Digital (antes chamada Agência Católica de Imprensa) distorceu, na última sexta-feira (25 de março) a fala do ex-presidente Lula em uma entrevista à rádio Super Notícia, de Belo Horizonte. O entrevistador comparou a propaganda dita “conservadora” que elegeu Bolsonaro com pautas chamadas “progressistas” em outros países da América Latina, incluindo a legalização do aborto. Lula respondeu que essa pauta não compete à Presidência da República, e sim a Congresso Nacional e ao Poder Judiciário – o papel do presidente é apenas cuidar das questões de saúde pública relacionadas às decisões dos outros poderes.
Apesar de reconhecer que Lula é contra o aborto, a ACI Digital selecionou trechos da fala que dariam a entender que a atual proibição com exceções seria reduzida a “questão de saúde pública”. “Cabe ao Estado dar a essas pessoas capacidade de tratamento digno, esse é o papel do Estado”, disse Lula, no que todo católico deve concordar – independente do que a pessoa tenha feito antes de precisar de precisar de assistência à saúde.
Veja o vídeo original:
(Foto em destaque: ex-presidente Lula discursa na abertura da conferência anual da Organização das Nações Unidas sobre Alimentação. Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)
