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Rússia: Ucrânia ataca banhistas em Sevastopol

A cidade autônoma de Sevastopol, na Península da Crimeia, foi atacada neste domingo (23) por mísseis norte-americanos ATACMS com munição de fragmentação. O alvo foi uma praia lotada, e o ataque deixou quatro mortos (sendo duas crianças) e mais de 150 feridos. Mikhail Podolyak, assessor presidencial ucraniano, tentou justificar o ato dizendo que se tratava de “ocupantes civis”. O Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos afirmou à Agencia TASS que a utilização de munições de fragmentação em áreas povoadas é contrária aos princípios do direito humanitário.

Socorro a vítimas do ataque ucraniano a praia em Sevastopol, na Crimeia.

No mesmo dia, a República Autônoma do Daguestão sofreu um ataque terrorista que deixou mais de uma dezena de mortos, entre policiais, civis e criminosos – entre os alvos estiveram uma igreja ortodoxa e uma sinagoga. Um padre chamado Nikolay, que era um dos símbolos da convivência entre as religiões na república pertencente a Federação Russa está entre os mortos.

Escultura representando o padre Nikolay, morto no atentado no Daguestão, em meio a rabino e mulá. (Foto: Daniil/Russians With Attitude)

Rússia x Ucrânia: Putin expõe exigências russas

Putin explicitou ontem (14/6) as condições russas para a paz – enquanto a Ucrânia exige a devolução dos territórios conquistados pela Rússia, inclusive as repúblicas de Lugansk, Donetsk e Crimeia, a Rússia exige a retirada das tropas ucranianas da totalidade das repúblicas do Donbass e das regiões de Kherson e Zaporojia, mesmo aquelas partes onde tropas da Federação Russa nunca estiveram.

Após o fracasso das negociações na Bielorrúsia e na Turquia – que levaram à retirada das tropas russas da região de Kiev, mas não foram concluídas com a assinatura de um acordo – e da proibição de negociações com Putin pelas autoridades ucranianas, o governo de Kiev elaborou um “plano de paz” que deveria ser aceito integralmente pela Rússia para por um fim à guerra. Entre os pontos principais estava a retirada russa de todo o território ucraniano do final de 1991, quando foi dissolvida a União Soviética – isso incluiria as repúblicas da Crimeia, Donetsk e Lugansk, que votaram para obter autonomia e lutaram para se tornarem parte da Rússia.

Exigências ucranianas

Os principais pontos do plano de paz ucraniano são:

  • Retirada das tropas russas das fronteiras ucranianas de 1991.
  • Restauração da soberania da Ucrânia nas fronteiras de 1991 (portanto, o fim das repúblicas da Crimeia, Donetsk e Lugansk).
  • Retorno da central nuclear de Zaparojia ao controle ucraniano.
  • Garantia da exportação de cereais ucranianos.
  • Limitações às vendas de recursos energéticos russos e ajuda à reconstrução dos recursos energéticos ucranianos destruídos na guerra.
  • Troca total de prisioneiros de guerra e retorno das crianças ucranianas retiradas da região de combates.
  • Criação de um tribunal especial para julgar crimes de guerra russos.
  • Desminagem e reparação de instalações de tratamento de água.
  • Garantias de segurança pela OTAN.

Exigências russas

As principais exigências da Rússia são:

  • Retirada das tropas ucranianas das regiões de Lugansk, Donetsk, Zaporojia e Kherson, segundo os limites territoriais dessas regiões em 1991.
  • Neutralidade e não-alinhamento da Ucrânia nas relações internacionais.
  • Status não-nuclear da Ucrânia.
  • Desmilitarização ucraniana.
  • Desnazificação ucraniana.
Mapa com as áreas atualmente ocupadas pela Rússia (amarelo) e as que teriam de ser desocupadas pela Ucrânia (vermelho) segundo as exigências de Vladímir Putin.

Putin acrescentou que, realizada a retirada de tropas e o abandono da pretensão de ingressar na OTAN, a Rússia imediatamente cessaria as hostilidades e daria início às negociações de paz.

Opinião de Visão Católica

Ambos os lados expõem como inegociáveis pontos que jamais serão aceitos pelo outro, especialmente as exigências territoriais. Por um lado, as repúblicas da Crimeia, Donetsk e Lugansk votaram para obter autonomia de Kiev e pegaram em armas para se opor às forças neonazistas que haviam derrubado o governo eleito em 2014. Por outro, a Federação Russa não controla hoje uma parte significativa do território que exige da Ucrânia – na verdade, suas tropas jamais chegaram à cidade de Zaporojia, capital da região homônima. Ainda que argumentem que houve referendos, uma parte significativa dessa região não se pronunciou pela incorporação à Rússia – independentemente da legalidade das votações.

Claro que propostas de paz devem ser discutidas, e as demandas de cada lado deveriam ser o ponto de partida das negociações. Contudo, Zelenski e Putin apresentam suas propostas como um verdadeiro ultimato, cuja não-aceitação resultaria em graves prejuízos para a outra parte. O caminho para a paz deveria passar por reconhecer os direitos de todas as pessoas que habitam a região, inclusive à liberdade linguística, cultural e religiosa, além de proibir e punir manifestações nazistas ou neonazistas, mesmo aquelas que foram elevadas ao status de identidade nacional na Ucrânia pós-soviética.

Lavrov: F-16 para a Ucrânia são sinal no campo nuclear

Em entrevista à agência de notícias russa RIA Novosti, o ministro de negócios estrangeiros russo, Sergey Lavrov, afirmou que a entrega de caças F-16 para a Ucrânia são uma “ação sinalizadora” da OTAN no campo nuclear. Segundo ele, ao entregar caças F-16 a Organização do Tratado do Atlântico Norte dá a conhecer à Rússia que os Estados Unidos e a Aliança estão “prontos literalmente para tudo”. Os exercícios com armas nucleares não-estratégicas conduzidos pela Rússia e pela Bielorrússia, continuou, deveriam trazer os oponentes à razão. Entrementes, a Dinamarca avisou que os F-16 que entregará à Ucrânia poderão ser usados para ataques em território russo.

A Federação Russa já se pronunciou diversas vezes nesse sentido, visto que esses caças são os mesmos estacionados na Alemanha e na Turquia para utilizar armas nucleares norte-americanas. Em entrevista anterior, Lavrov afirmou que países da União Europeia, especialmente a Polônia e os países bálticos, “cumprem no terreno a tarefa que os Estados Unidos estabeleceram: enfraquecer a Rússia e dar-lhe uma derrota estratégica” – acrescentando: “nos círculos de cientistas políticos do ocidente, já se fala em descolonizar a Rússia”.

Opinião de Visão Católica

Como diz insistentemente o papa Francisco, “o uso de armas nucleares, assim como sua posse, é imoral“. Criar uma falsa segurança através de um equilíbrio de terror dificulta o verdadeiro diálogo. A solução para o conflito na Ucrânia, portanto, não virá do uso de portadores em potencial de armas nucleares, nem de exercícios para seu uso, mas sim de um verdadeiro diálogo que leve em consideração o sofrimento da população local, seja russa, seja ucraniana, e da construção da confiança e cooperação entre os países – não apenas a Federação Russa e a Ucrânia, mas também aqueles atores geopolíticos que interferem na situação, especialmente a OTAN e a União Europeia.

(Imagem em destaque: RIA Novosti)

Resumo diário: 25/02/2024

Papa no Ângelus: pela diplomacia e a paz

No segundo aniversário da intervenção russa na guerra da Ucrânia, o papa Francisco pediu para que sejam criadas condições para uma solução diplomática do conflito que proporcione uma paz justa e duradoura. Também lembrou da Palestina, de Israel, da República Democrática do Congo e da Nigéria, que sofrem com a guerra e a violência. Ao solidarizar-se com a população da Mongólia, que vivencia uma onda de frio, afirmou que esta onda é consequência das mudanças climáticas, as quais classificou como um problema social global.

Assista à transmissão no YouTube da Vatican News:

Bolsonaro reconhece minuta de decreto golpista

Em discurso para apoiadores na avenida Paulista, Jair Bolsonaro reconheceu a existência de uma minuta de decreto para derrubar a eleição de Lula em 2022, decretar estado de sítio e intervir no Tribunal Superior Eleitoral. Leia mais na revista Fórum.

Manifestação contra Netanyahu em Tel Aviv

Milhares de pessoas se reuniram posta protestar contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu em Tel Aviv. Além de exigir a renúncia do político, instavam à negociação com o Hamas para obter a libertação dos reféns que o grupo palestino mantém desde outubro do ano passado.  Leia mais na revista Fórum.

Províncias argentinas ameaçam cortar fornecimento de petróleo e gás

Diante do corte de repasses federais a províncias argentinas, governadores do sul do país ameaçam cortar o fornecimento de petróleo e gás. O ultimato foi dado pelo governador de Chubut, Ignacio Torres, no que foi apoiado por colegas. Leia mais no Brasil de Fato.

Resumo diário: 17/02/2024

Guerra na Ucrânia: Rússia conquista Avdeevka

Após quase 10 anos de combate, incluindo 7 de cessar-fogo usado pela Ucrânia para construir fortificações, a cidade de Avdeevka (vizinha de Donetsk) foi tomada pelos russos. Leia mais aqui em Visão Católica.

Governo federal aumenta arrecadação com foco em grandes devedores

Focando a cobrança judicial em grandes devedores e negociando dívidas de contribuintes que comprovadamente não têm condições de pagar o montante cobrado, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional arrecadou 48 bilhões de reais, uma alta de 23,5%. A ação também racionaliza a cobrança de dívidas menores, que passam a usar procedimentos extrajudiciais, como o protesto em cartório, para tornar o processo mais eficiente – antes, o custo do processo judicial poderia ser maior que a própria dívida. Leia mais na Folha de S. Paulo.

Igrejas Católica e Copta celebram juntas os 21 mártires da Líbia

Na última quinta-feira (15), pela primeira vez a Igreja Católica e a Igreja Copta Ortodoxa celebraram juntas a memória dos 21 mártires coptas assassinados pelo Estado Islâmico na Líbia, há nove anos. Em 11 de maio de 2023, o patriarca de Alexandria, Tawadros II, entregou ao papa Francisco relíquias dos mártires, as quais foram agora expostas para a veneração dos fiéis. Correspondendo ao “ecumenismo de sangue” (termo cunhado por Francisco para expressar o sofrimento comum a cristãos de diferentes igrejas) pela primeira vez a Igreja Católica incluiu no Martirológio Romano santos pertencentes a uma Igreja que não está em comunhão com Roma. Leia mais (incluindo uma entrevista com egiptólogo e orientalista Christian Cannuyer) em Vatican News.

Bispos tentam negociar trégua entre narcotraficantes no México

Os quatro bispos do estado mexicano de Guerrero “buscamos o diálogo com os líderes que poderiam contribuir para que tivéssemos paz, mas ainda há interesses em ação nas mentes e nos corações de cada um deles, e não tivemos sucesso, mas não vamos parar de estabelecer esses diálogos”, disse dom Leopoldo Gonzáles, arcebispo de Acapulco. O presidente Andres Manuel Lopez Obrador se disse a favor da mediação da Igreja, ainda que reforçando que a responsabilidade pela paz e tranquilidade é do Estado. Leia mais em Vatican News.

Nigéria: Dicastério para a Evangelização expressa solidariedade diante de sequestros

Com sequestros fora de controle na Nigéria (3.964 casos desde maio de 2023, incluindo sequestros em massa na capital), o secretário do Dicastério para a Evangelização para a primeira evangelização, arcebispo Fortunato Nwachukwu, expressou sua solidariedade aos “bispos, o clero e os religiosos, seminaristas, membros devotos da Igreja, todos os cristãos e pessoas de boa vontade em toda a nação”. O bispo também instou o governo da Nigéria a enfrentar essa situação e, além de proteger vidas humanas e propriedades, com o apoio da igreja “buscar maneiras de reposicionar a nação no caminho do crescimento econômico, da estabilidade política e da coesão religiosa”. Leia mais em Vatican News.

(Ilustração em destaque: Leandro Arndt)

Guerra na Ucrânia: Rússia conquista Avdeevka

Após quase 10 anos de combate, incluindo 7 de cessar-fogo usado pela Ucrânia para construir fortificações, a cidade de Avdeevka (vizinha de Donetsk) foi tomada pelos russos. A liderança ucraniana anunciou ontem a retirada de tropas da localidade, embora muitos prisioneiros tenham sido feitos e muitos tenham morrido na tentativa de defendê-la após a Rússia tomar todos os caminhos de saída. Nas palavras do jornalista Bruno Amaral de Carvalho, que acompanha os acontecimentos desde Donetsk:

Incapaz de conter o avanço das tropas russas e prestes a ficar sob cerco, a Ucrânia acaba de anunciar a retirada das suas tropas de Avdeevka. A queda desta cidade nos arredores de Donetsk é uma perda estratégica para as forças ucranianas que deixam de ter uma posição importante a apenas 24 quilómetros da maior cidade do Donbass. Desde 2014 que as forças ucranianas disparavam com artilharia pesada sobre Donetsk. Com a derrota em Pesky, Maryinka e Avdeevka, a Ucrânia perdeu as suas três principais praças fortes na zona. Que as forças ucranianas abandonem assim uma cidade é também uma mudança táctica que é reflexo da falta de homens na linha da frente. Entretanto Zelensky queixou-se da falta de armamento por culpa do Ocidente.

Ainda não há números oficiais sobre a quantidade de prisioneiros feita pela Federação Russa no local, que era defendido pela 110ª Brigada Mecanizada da Ucrânia, a qual nos últimos dias recebeu reforços da 3ª Brigada de Assalto da Guarda Nacional Ucraniana (o infame Batalhão de Azov, uma formação neonazista). Diversos relatos de soldados ucranianos feridos abandonados à própria sorte por Kiev chegaram às redes sociais.

(Foto em destaque: Telegram de Bruno Amaral de Carvalho.)

Ucrânia afunda corveta russa

Com o uso de veículos navais de superfície não tripulados, a Ucrânia conseguiu afundar a corveta Ivanovets, da classe Molnya, na lagoa Donuzlav, na Crimeia. Vídeo divulgado pelo serviço de inteligência ucraniano hoje mostra o uso de uma grande quantidade de veículos atacantes contra a corveta, que tenta destruí-los com canhões, mas inutilmente. Danos logo abaixo do compartimento de mísseis levaram à explosão e ao afundamento do navio.

Vídeo ucraniano mostra o afundamento da corveta Ivanovets (fonte: Administração-Geral de Inteligência – GUR).

Ataques anteriores usavam apenas uns poucos veículos não tripulados para cada alvo e, embora houvesse ocasionalmente danos às embarcações russas, não costumavam levar ao afundamento delas. O ataque de hoje inovou ao usar um grande número de veículos atacantes contra um único alvo e mudar o local do ataque, distanciando-se cerca de 90 Km da baía de Sevastopol. A defesa russa contra eles consiste basicamente no uso de canhões, que apresentam dificuldades em atingir essas embarcações altamente manobráveis.

Rússia: míssil dos EUA derrubou avião com prisioneiros

A Rússia divulgou vídeo de seu Comitê Investigativo analisando destroços de um míssil do sistema Patriot, fornecido pelos EUA e seus aliados à Ucrânia, no local da tragédia com o avião Il-76 que transportava prisioneiros de guerra que seriam trocados no último dia 24 de janeiro por prisioneiros russos. O avião transportava 6 tripulantes, 3 policiais militares e 65 prisioneiros. Foram encontrados 116 fragmentos dos mísseis disparados contra o avião, que caiu próximo a Belgorod, na Rússia.

Investigadores russos junto a fragmentos de míssil do sistema Patriot no local do abate do avião Il-76.

O país também divulgou que conseguiu identificar restos mortais de todas as 74 vítimas. Os remanescentes consistem em 670 fragmentos de corpos, que foram identificados por análise de DNA. O lado russo afirma que a Ucrânia havia sido informada sobre o transporte, mas mesmo assim disparou 2 mísseis Patriot a partir da região de Kharkov, do outro lado da fronteira.

Logo que a notícia começou a se espalhar, manchetes foram redigidas na Ucrânia afirmando que “foi trabalho nosso”, “abate do Il-76 em Belgorod foi trabalho das Forças Armadas da Ucrânia”. Quando a Rússia divulgou que o avião transportava prisioneiros de guerra, porém, as manchetes foram alteradas para “caiu um avião” e “transportava mísseis” (do que não há evidência até o momento).

Rússia: F-16 para Ucrânia são ameaça nuclear

O ministro das relações exteriores russo, Sergey Lavrov, afirmou em entrevista publicada ontem pelo portal Lenta.ru que os caças norte-americanos F-16 que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) pretende entregar à Ucrânia representam uma ameaça de ataque nuclear da OTAN à Rússia. “Gostaria de chamar a atenção para o fato de que os EUA e seus satélites da OTAN criam riscos de confronto armado direto com a Rússia, e isso está repleto de consequências catastróficas.”

A afirmação foi feita respondendo a uma pergunta sobre a discussão existente a respeito da suposta possibilidade de a Rússia usar armas nucleares no conflito ucraniano – a que o ministro não responde diretamente, remetendo aos documentos sobre a doutrina militar russa. Então, ele chama a atenção para o que caracteriza como ameaça nuclear da OTAN.

Os caças F-16 (especialmente aqueles que os Estados Unidos mantém na Alemanha e na Turquia) são capazes de levar armas nucleares, e estão baseados próximo das regiões ocidental e meridional da Rússia – suas regiões mais povoadas e, no caso do Cáucaso, uma de suas fontes principais de petróleo e gás natural. Lavrov afirmou que avisou “às potências nucleares, EUA, Grã-Bretanha e França, que a Rússia não pode ignorar a possibilidade de esses aviões levarem armamento nuclear. Nenhuma garantia resolverá isso.”

No curso das hostilidades, nossos combatentes não considerarão se cada uma dessas aeronaves está carregando armas nucleares ou não. (Sergey Lavrov)

Doutrina militar russa sobre uso de armas nucleares

Segundo a doutrina militar russa, o uso de armas nucleares seria possível quando ataques ao país (mesmo com armas convencionais) representarem uma “ameaça à própria existência do Estado”. As hipóteses para uso delas incluem:

  • Uso de armas de destruição em massa contra a Rússia ou seus aliados.
  • Agressão com o uso de forças armadas convencionais que ameace a própria existência do Estado russo.
  • Obtenção de informações confiáveis sobre o lançamento de mísseis balísticos contra o território russo.
  • Ataque inimigo a instalações críticas da Federação Russa ou instalações militares cuja falha leve ao colapso das ações retaliatórias nucleares russas.

O presidente russo, Vladímir Putin, aliás, já expressou sua atitude negativa quanto à ideia de usar armas nucleares táticas como elemento de dissuasão nuclear.

Ucrânia ataca usina nuclear antes de inspeção internacional

A Ucrânia atacou hoje (1º de setembro) a Usina Nuclear de Zaporojia, em Energodar, controlada pela Rússia desde março. Após contínuos bombardeios com artilharia e veículos aéreos não tripulados, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) agendou uma inspeção na usina prevista para começar ontem, mas adiada para hoje após uma reunião imprevista com o presidente ucraniano em Kiev.

Morteiro atinge espaço entre prédios residenciais em Energodar (oblast de Zaporojia). Nenhum alvo militar é visível no vídeo.

Às 6h20 locais, segundo o Ministério da Defesa Russo, tropas ucranianas desembarcaram a noroeste da usina, provenientes do outro lado do reservatório de Kakhovka, no rio Dniepr, o que foi acompanhado por fogo de artilharia em áreas residenciais de Energodar. Enquanto isso, na região de Zaporojia controlada pela Ucrânia, a comitiva da AIEA enfrentava atrasos provocados por militares ucranianos que não permitiam sua passagem. Ao norte da usina, barcaças ucranianas que tentavam o desembarque próximo aos reatores foram afundadas.

Mapa da região da usina nuclear de Zaporojia indicando o desembarque de tropas ucranianas a noroeste da usina e o afundamento de barcaças antes de desembarcar ao norte.
Mapa do assalto ucraniano à Usina Nuclear de Zaporojia, em Energodar.

Nos canais de Telegram, tanto pró-russos quanto pró-ucranianos, indicou-se que o planejamento da ação teria sido feito com auxílio da OTAN, especialmente do Reino Unido. Para o Ministério da Defesa russo, o objetivo seria tomar a usina de assalto antes da chegada da comitiva de inspetores internacionais para que estes se deparassem com uma situação pronta e se tornassem garantidores do domínio ucraniano sobre o local, mesmo cercado de tropas russas.

Inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica chegam à Usina Nuclear de Zaporojia, em Energodar.

Apesar disso, os inspetores chegaram à usina e iniciaram seu trabalho. Inclusive inspecionaram o local em que os russos deixam os caminhões de transporte que servem às tropas que realizam a segurança da usina, e que haviam causado alvoroço entre contas pró-ucranianas de Twitter quando filmados pela primeira vez.

Inspetores no interior da Usina Nuclear de Zaporojia observam caminhões de transporte russos.

Segundo a administração de Energodar, três civis morreram nos ataques e dois jardins de infância foram atingidos pelo bombardeio ucraniano. Ao longo do dia, autoridades russas afirmaram que 64 militares ucranianos teriam conseguido desembarcar, sendo que 3 haviam sido presos e 2 estavam gravemente feridos.

As principais fontes das informações acima estão listadas abaixo: