EUA entregam território sírio à Turquia

Hoje (17), Estados Unidos da América e Turquia anunciaram um acordo que resultaria na retirada de sanções americanas contra o governo turco. Foi anunciado um suposto cessar-fogo na região noroeste da República Árabe da Síria, que já não se confirma devido ao assalto continuado dos turcos à cidade fronteiriça de Ras al Ayn. Os termos do acordo, a respeito do qual não foram consultados nem o governo sírio, nem as Forças Democráticas da Síria (grupo que engloba curdos, siríacos, assírios e árabes), dizem que as forças armadas turcas imporão uma “zona de segurança” na região. Dessa forma, o que ficou do acordo é a concordância dos EUA com a ocupação de todo o norte da Síria pela Turquia. Abaixo, o texto do acordo:

Acordo turco-americano para ocupação do nordeste da Síria. Fonte: Jeff Seldin, correspondente da Voz da América.

Curdos e governo sírio entram em acordo

Sírios comemoram entrada do exército governamental em bairros de Hasaka. Imagem da agência SANA.

Na tentativa de barrar o avanço da Turquia e dos rebeldes apoiados pelo estrangeiro, as Forças Democráticas Sírias (FDS) e o governo sírio entraram hoje (13) em um acordo para que as tropas governamentais protejam a fronteira com a da Síria com a Turquia. Assim, as populações curdas e cristãs serão protegidas dos ataques do governo turco e dos rebeldes wahabitas, da mesma vertente do islamismo que deu origem ao Estado Islâmico. Houve comemoraçãoem diversas cidades, como Hasaka e Qamishli. A ofensiva turca começou após os Estados Unidos da América retirarem seu apoio aos curdos na fronteira sírio-turca.

Turquia ataca curdos sírios novamente

Tropas turcas e terroristas da oposição síria na fronteira com a Síria, com artilharia pesada. Foto via Twitter de @SaadEdin_souma.

A Turquia está pronta para invadir novamente a Síria e atacar as forças curdas. A justificativa, como sempre, é o vínculo a grupos curdos que fazem oposição ao regime turco, classificados como terroristas pelos turcos. A operação contará com o apoio dos terroristas sunitas que fazem oposição ao governo sírio.

A operação, anunciada há vários meses, vinha sendo adiada devido à presença de tropas dos Estados Unidos no nordeste da Síria em apoio às forças curdas que combatem o Estado Islâmico. A essas forças se juntaram também grupos cristãos siríacos e assírios a leste do rio Eufrates.

Ontem, contudo, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a retirada das tropas americanas da fronteira. Hoje, militares curdos e americanos acreditam que a operação terá início nas próximas 24 horas. No meio do caminho, há também locais com tropas governamentais na cidade de Qamishli e nas proximidades de Manbij. (Atualização: após as 10h do dia 9, horário de Brasília, foram registrados os primeiros ataques aéreos e de artilharia pela Turquia nessa operação.)

O temor principal é de que os turcos promovam um genocídio contra os curdos e os cristãos na região. Não será a primeira vez. Para quem quiser conhecer o sofrimento que provocam, vale a pena ler o Diário de Myriam, escrito por Myriam Rowick, uma menina cristã de Alepo, cidade Síria que esteve sitiada pelos terroristas. No Brasil, foi publicado pela editora Darkside.

Nova atualização: a frente al-Nusra (braço da al-Qaeda na Síria) divulgou seu apoio à operação turca.