Papa Francisco: parem a guerra!

O papa Francisco, no Ângelus do último domingo, novamente instou os países a pararem as guerras: elas são uma ilusão! A guerra jamais traz a paz!

Senhores do mundo

Trump se reúne com Zelensky e promete acabar com guerra “rapidamente”

Donald Trump dizer que acaba com a guerra na Ucrânia rapidamente é só mais uma maneira de afirmar que os EUA podem fazer tudo o que quiserem no mundo, que o planeta inteiro é palco do teatro em que são roteiristas, diretores e protagonistas.

Papa Francisco: amor x darwinismo social

Na sede do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, em evento para comemorar os 10 anos do primeiro Encontro Mundial dos Movimentos Populares, o papa Francisco afirmou: se perdermos o amor como categoria teológica, ética e política, ficarão apenas o individualismo, a acumulação e a eliminação dos mais fracos! O darwinismo social, a lei do mais forte, da indiferença e da crueldade é diabólico. Sem o amor, não somos nada.

Ouso dizer: se Deus é amor, o amor é tudo, e nossa sociedade deve ser edificada sobre a base do amor. Sem essa base, nenhuma sociedade, nenhuma economia, nenhuma relação é boa.

Caçando com opioides

Levantei, fui à cozinha, peguei um copo d’água. Me dirigi à caixa de medicamentos, peguei meu opioide, tomei. Deitei-me um pouco para esperar a dor passar – pois ela não dava bola para a dipirona e tinha mesmo aquele jeito que só passa com um analgésico mais potente, derivado da morfina. Peguei meu celular, abri o Bluesky, e descobri que uma caçada estava em curso: o Metrópoles estava novamente caçando cliques!

Anos atrás, esse mesmo portal descobriu um escândalo: entidades públicas que servem refeições (universidades, hospitais, organizações militares…), imagine só! compraram leite condensado com dinheiro público. Obviamente, o portal caçador não falava isso assim claro, como toda informação deveria ser publicada. Caçava cliques. Agora, enquanto espero a dor passar com um abençoado derivado da morfina, descubro que a caçada da vez é com opioides!

A reportagem do portalão, como era de se esperar, não começava com a regulamentação da venda dessas substâncias no Brasil – afinal, opioides só podem ser comercializados por aqui com retenção da receita médica. Não, começa com o título “Mundo da dor” e prossegue contrastando um brinde em um evento interno da farmacêutica Mundipharma com a morte de mais de meio milhão de estadunidenses em decorrência do abuso de opioides. O portal não faz ideia do mundo que é um paciente com dor crônica, seus dilemas, suas angústias e seus prazeres. Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.

Não há que se defender as indústrias farmacêuticas – aquelas mesmas que impõem patentes que impedem o acesso de bilhões de pessoas a medicamentos essenciais, que não dão atenção às doenças que afetam mais os países pobres, que não compartilham conhecimento que pode salvar vidas, nem mesmo durante uma pandemia. Não, e eu sou o primeiro a acusá-las. Mas, a reportagem não trata disso. Trata de colocar um título chamativo e promover o medo dos opioides para conseguir cliques. A ponto de incluir uma imagem que associa o princípio ativo oxicodona ao vício em cocaína:

Captura de tela da reportagem “Mundo da dor”, do portal Metrópoles, associando o cloridrato de oxicodona ao vício em cocaína.

Sensacionalismo. Um leitor atento já poderia ter associado o portal Metrópoles a isso. De quando em vez ele publica reportagens com grandes furos de reportagem que, se bem lidos, não são nada, ou até deporiam contra a empresa jornalística. Porém, o leitor médio não lê bem, não questiona os interesses por trás da notícia (inclusive interesses comerciais, de expandir o alcance da marca), não olha, senão para onde apontam. E, assim, qualquer coisa passa. Empresas jornalísticas, na selva cibernética, colocam nas reportagens as mais fantásticas plumagens para chamar a atenção e atrair suas presas: nós. Assim, temos reportagens cheias de vazio informacional na maioria dos “escândalos” com despesas públicas, no vazamento de conversas de ex-assessores de Alexandre de Moraes pela Folha de S. Paulo, essa reportagem sobre opioides do Metrópoles.

Lendo atentamente, vemos que o principal medicamento comercializado pela Mundipharma no Brasil, o Restiva, é considerado bastante seguro em termos de dependência, e que um ambulatório na cidade de São Paulo (que tem 11,8 milhões de habitantes) atende 51 pessoas com dependência de opioides, em um tratamento que dura em média 12 meses. Há até um projeto de lei que estabelecerá, se um dia aprovado:

  • A institucionalização da disciplina de dor nas faculdades de medicina.
  • A criação do Dia Nacional de Conscientização e Enfrentamento da Dor Crônica.
  • O atendimento integral pelo Sistema Único de Saúde de pessoas que sofrem de dor crônica.

Um pequeno, mas alentador começo para as pessoas que sofrem dia sim, dia também com a dor. Ocorre que esse projeto foi elaborado por Carlos Marcelo de Barros, médico anestesiologista e presidente da Sociedade Brasileira de Estudo da Dor, que em 2023 deu uma aula paga e supervisionada pela Mundipharma. Essa supervisão é problemática, pode distorcer o conteúdo, mas esse mesmo médico defende um controle ainda mais rígido da prescrição de opioides.

Na reportagem, especialistas inominados afirmam que o projeto de lei pode favorecer o “aumento de prescrição e circulação de opioides no país”, mas essa afirmação vem muito longe de outra, em que os mesmos especialistas anônimos afirmam que “o Brasil está abaixo da média da prescrição desejada de opioides para a população” – em um vídeo no meio do texto, uma médica do ambulatório do Hospital das Clínicas de São Paulo trata do assunto de forma preventiva: há lugares no Brasil com prescrição de opioides baixa demais e outros com prescrição mais elevada, e que é preciso educar os médicos para evitar chegar a uma situação de crise pelo mau uso desses medicamentos, para saber lidar bem com eles.

E, veja-se bem, enquanto há lugares em que quase não se prescrevem opioides, promove-se uma visão deles como um problema terrível, o centro do “mundo da dor”. O mundo da dor real é cada paciente que precisa lidar com ela. Enquanto esse mundo é ignorado, empresas jornalísticas lucram com o escândalo e criam temor nas pessoas que precisam usar esses medicamentos.

Mudanças no Visão Católica e no Caritas in veritate

O movimento é um sinal de vida. Adaptar-se às diferentes situações é essencial para uma vida saudável. Esse é um momento, para mim, de parar, respirar e adaptar. Por isso, mesmo tendo feito muita coisa que considerei interessante nos blogs Visão Católica e Caritas in veritate, chegou a hora de mudar de perspectiva e tratá-los de maneira mais leve.

Por isso, decidi juntá-los no endereço visaocatolica.com.br (mais fácil de acessar e divulgar), arquivá-los e tocar o barco adiante de uma maneira mais leve e, talvez, mais efetiva que os textos sisudos que tantas vezes publiquei. Não está tudo pronto, nem na junção em si, nem na aparência do site, mas chegaremos levemente a isso. O que escreverei também, aos poucos será sabido por mim mesmo – a forma mudará, mas dificilmente os assuntos serão muito diferentes daqueles que já abordava.

No fim, permanecerá a caridade na verdade, de que falou o papa Bento XVI: “o verdadeiro desenvolvimento de cada pessoa e da humanidade inteira”.

Lula reinstala comissão sobre mortos e desaparecidos políticos

(Agência Brasil) A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos foi reinstalada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O despacho com a medida está publicado na edição do Diário Oficial da União desta quinta-feira (4). O documento restabelece o colegiado nos mesmos moldes previstos de quando foi criada, em 1995, pela Lei nº 9.140/1995.

Recuperação de ossadas de presos políticos no Cemitério Dom Bosco, em Perus, São Paulo. (Marcelo Vigneron/Memorial da Resistência)

Encerrada em dezembro de 2022, no governo de Jair Bolsonaro, a comissão tem como atribuição tratar de desaparecimentos e mortes de pessoas em razão de atividades políticas no período de 2 setembro de 1961 a 15 de agosto de 1979. Entre outros pontos, cabe à comissão mobilizar esforços para localizar os restos mortais das vítimas do regime militar e emitir pareceres sobre indenizações a familiares.

Em 2002, a comissão especial passou a examinar e reconhecer casos de morte ou desaparecimento ocorridos até 5 de outubro de 1988, data de promulgação da Constituição Federal. E, em 2004, os critérios para reconhecimento das vítimas da ditadura militar foram ampliados para reconhecer pessoas mortas por agentes públicos em manifestações públicas, conflitos armados ou que praticaram suicídio na iminência de serem presas ou em decorrência de sequelas psicológicas resultantes de torturas.

No início do governo Lula, em 2023, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania adotou medidas administrativas e jurídicas para o restabelecimento da comissão. O Ministério Público Federal também recomendou a reinstalação considerando que a extinção da comissão ocorreu de forma prematura, já que existem casos pendentes de vítimas, incluindo os desaparecimentos da Guerrilha do Araguaia e as valas encontradas nos cemitérios de Perus, em São Paulo, e Ricardo Albuquerque, no Rio de Janeiro.

Em julho do ano passado, a Coalizão Brasil por Memória Verdade Justiça Reparação e Democracia, grupo formado por dezenas de entidades de defesa dos direitos humanos, já havia cobrado do governo federal ações efetivas de políticas públicas de memória, verdade, justiça e reparação.

Até hoje, existem 144 pessoas desaparecidas na ditadura militar.

Composição

Lula também dispensou quatro membros da comissão, o presidente, Marco Vinicius Pereira de Carvalho, representante da sociedade civil; Paulo Fernando Mela da Costa, também representante da sociedade civil; Jorge Luiz Mendes de Assis, representante do Ministério da Defesa; e o deputado federal Filipe Barros (PL-PR), que ocupava o cargo de representante da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
 
Por outro lado, o presidente da República designou como membros Eugênia Augusta Gonzaga, representante da sociedade civil que presidirá a comissão; Maria Cecília de Oliveira Adão, representante da sociedade civil; Rafaelo Abritta, representante do Ministério da Defesa; e a deputada federal Natália Bastos Bonavides (PT-RN), representante da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados
 
O decreto com as dispensas e nomeações também estão na edição de hoje do Diário Oficial da União.

(Até aqui o texto da Agência Brasil)

Opinião de Visão Católica

Reconhecer os crimes cometidos pelo Estado brasileiro durante a ditadura militar, revelar a verdade e preservar a memória são essenciais para evitar que um novo tempo de terror se abata sobre a sociedade brasileira. A verdade efetivamente liberta. A dignidade de cada homem e de cada mulher é uma verdade de fé. Velar pelos mortos e dar-lhes sepultura digna é um ato de misericórdia. Evitar que a repressão recaia novamente sobre padres, religiosos e leigos, sobre cristãos, pessoas com religiosidade de matriz africana, ateus, sobre democratas, comunistas, pessoas que apenas defendem o direito de filhos, maridos, esposas, pais e mães terem uma opinião política – evitar uma nova ditadura é um dever.

Você que chegou até aqui, aproveite e acompanhe a leitura do Compêndio da Doutrina Social da Igreja pelo Visão Católica no Youtube.

Julian Assange: condenado pelos EUA, mas livre

Em uma virada surpreendente, o jornalista australiano Julian Assange deixou nesta segunda-feira (24) a prisão de segurança máxima Belmarsh, em Londres, onde foi mantido por 1901 dias em uma cela solitária, rumo às Ilhas Marianas, uma colônia norte-americana no pacífico. Hoje, foi condenado por um tribunal dos EUA após confessar-se culpado de conspirar para violar segredos relativos à “segurança nacional” daquele país. Contudo, o juiz o sentenciou ao tempo já cumprido na prisão britância, o que resultou na soltura de Assange, que hoje mesmo retornou à Austrália, onde foi recebido por apoiadores e pela mídia.

https://podcasters.spotify.com/pod/show/visaocatolica/episodes/Julian-Assange-condenado-pelos-EUA–mas-livre-e2lbmd0
Julian Assange saindo preso da Embaixada do Equador em Londres (2019).

Ontem fez 12 anos que Julian foi recebido na Embaixada do Equador em Londres, onde obteve o status de refugiado, mas de onde o Reino Unido não o deixava sair, ou seria preso devido a uma ordem internacional de captura emitida pela Suécia, com base em uma investigação de suposta violência sexual – havia o medo de que, preso e enviado para a Suécia, os Estados Unidos pedissem sua extradição. Quando mudanças políticas no país sul-americano levaram a sua expulsão da embaixada em 2019, foi preso pela polícia britânica e submetido ao mais duro tratamento, em contínuo confinamento solitário, mesmo após a acusação ser arquivada no mesmo ano.

Stella Assange e Kristinn Hrafnsson falam sobre a soltura de Julian Assange.

A saída de Julian Assange da prisão de Belmarsh ocorreu após um acordo com autoridades dos Estados Unidos, segundo o qual ele teria que ir até o território norte-americano das Ilhas Marianas, onde se confessaria culpado do crime de conspirar para obter segredos relacionados à defesa nacional e seria sentenciado apenas ao período já cumprido na prisão londrina. Foi o que aconteceu: “acredito que o senhor Assange já sofreu consequências significativas, incluindo, como discutimos, seu tempo em Belmarsh […] acreditamos […] que não há necessidade de mais encarceramento e que a sentença pelo tempo já cumprido é apropriada”, disse o procurador – o governo dos EUA indicou, ainda, que nenhuma pessoa foi vítima nesse caso. Em sua confissão, Julian Assange afirmou que acreditava estar protegido pela primeira emenda à Constituição dos EUA, a qual garantiria a livre expressão – essa emenda é usada para defender manifestações neonazistas, mas não para proteger jornalistas que em seu trabalho atentem contra os interesses norte-americanos.

Julian Assange deixa a corte federal dos EUA em Saipan, Ilhas Marianas.

Julian Assange é o fundador da Wikileaks, um site especializado em revelar segredos de organizações poderosas, sejam estados nacionais ou grandes corporações que escondem seus malfeitos atrás da cortina do sigilo fiscal ou de “segurança”. Entre os casos mais famosos divulgados pela organização estão o assassínio de civis em Nova Bagdá, no Iraque, por pilotos militares norte-americanos, caso conhecido como “assassinato colateral” (collateral murder), o vazamento de documentos que indicam a fabricação de um resultado contra a Síria no suposto ataque químico a Duma, o vazamento de telegramas diplomáticos norte-americanos, caso conhecido como Cablegate, e até mesmo que os Estados Unidos grampearam 29 telefones do avião presidencial e de autoridades brasileiras – neste caso, o responsável pelo vazamento, Edward Snowden, precisou procurar refúgio na Rússia para fugir da perseguição norte-americana, e lá obteve cidadania em 2022.

(Foto em destaque: Julian Assange na Embaixada do Equador em Londres. Cancillería de Ecuador/Flickr. CC-BY-SA 2.0)

Rússia: Ucrânia ataca banhistas em Sevastopol

A cidade autônoma de Sevastopol, na Península da Crimeia, foi atacada neste domingo (23) por mísseis norte-americanos ATACMS com munição de fragmentação. O alvo foi uma praia lotada, e o ataque deixou quatro mortos (sendo duas crianças) e mais de 150 feridos. Mikhail Podolyak, assessor presidencial ucraniano, tentou justificar o ato dizendo que se tratava de “ocupantes civis”. O Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos afirmou à Agencia TASS que a utilização de munições de fragmentação em áreas povoadas é contrária aos princípios do direito humanitário.

Socorro a vítimas do ataque ucraniano a praia em Sevastopol, na Crimeia.

No mesmo dia, a República Autônoma do Daguestão sofreu um ataque terrorista que deixou mais de uma dezena de mortos, entre policiais, civis e criminosos – entre os alvos estiveram uma igreja ortodoxa e uma sinagoga. Um padre chamado Nikolay, que era um dos símbolos da convivência entre as religiões na república pertencente a Federação Russa está entre os mortos.

Escultura representando o padre Nikolay, morto no atentado no Daguestão, em meio a rabino e mulá. (Foto: Daniil/Russians With Attitude)

Rússia e Coreia do Norte assinam tratado de parceria estratégica

Vladímir Putin e Kim Jong Un assinaram ontem (19) um tratado de parceria estratégica entre a Rússia e a República Popular Democrática da Coreia. O texto integral do acordo foi publicado hoje pela agência de notícias norte-coreana KCNA. O ponto que causou maior alvoroço foram os artigos relativos à parceria militar, inclusive com o fornecimento de ajuda militar em caso de agressão estrangeira, mas sob a égide do artigo 51 da Carta das Nações Unidas, que prevê o direito à legítima defesa individual ou coletiva em caso de ataque armado, submetendo-se as medidas tomadas às decisões ulteriores do Conselho de Segurança – não há, contudo, obrigação em tomar parte de combates. O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, contudo, chamou o tratado de “pacto de defesa mútua”.

Encontro das delegações russa e coreana, dia 19 de junho de 2024 (Foto: KCNA).

Também chamam a atenção, embora não tenham repercutido tanto quanto a parceria militar, pontos como o objetivo declarado de estabelecer uma ordem mundial multipolar justa (artigo 6), a cooperação em segurança alimentar, energética e informacional (artigo 9 – muito necessárias à Coreia do Norte, que conta com poucas terras agricultáveis), a luta contra sanções unilaterais (artigo 16), a defesa de uma governança global da Internet que respeite a soberania dos estados, e até o combate ao financiamento da proliferação de armas de destruição em massa (artigo 17 – embora a Coreia do Norte tenha recentemente desenvolvido armamento nuclear).

O que diz o tratado

Veja abaixo o resumo do tratado:

  • Artigo 1: estabelece uma relação estratégica e abrangente entre as partes, baseada nas obrigações dos signatários no direito próprio e internacional, de acordo com os princípios internacionais, incluindo o respeito mútuo pela soberania dos dois estados, a integridade territorial, a não ingerência em assuntos internos.
  • Artigo 2: os dois países, por meio do diálogo e de conversações, inclusive no mais alto nível, trocam opiniões sobre as questões de relações bilaterais e a agenda internacional de interesse mútuo, fortalecendo a coordenação e interação entre ambos em plataformas internacionais.
  • Artigo 3: os dois lados cooperam entre si para garantir regional e internacionalmente a paz e a segurança duradouras.
  • Artigo 4: se uma das partes for submetida a um ataque armado de qualquer Estado ou de vários estados e assim se encontrar em estado de guerra, a outra parte imediatamente fornecerá assistência militar e não-militar com todos os meios a sua disposição, em conformidade com o artigo 51 da Carta da ONU.
  • Artigo 5: Coreia e Rússia se comprometem a não celebrar acordos com outros estados que destinados a violar a soberania, a segurança, a integridade interritorial, o direito à livre escolha e desenvolvimento do sistema político, social, econômico e cultural um do outro, nem participar de tais ações. Também os territórios dos dois países não poderão ser utilizados para esses fins.
  • Artigo 6: as duas partes apoiarão as medidas e políticas pacíficas uma da outra destinadas a proteger a soberania estatal, garantindo sua segurança e estabilidade, defendendo seu direito ao desenvolvimento, além de cooperar ativamente entre si na execução de políticas com a finalidade de uma ordem mundial multipolar justa.
  • Artigo 7: Coreia do Norte e Rússia cooperarão entre si nas Nações Unidas e suas agências especializadas nas matérias de interesse comum e de segurança das partes, além de apoiar a adesão de cada uma a organizações internacionais e regionais relevantes.
  • Artigo 8: os países criam mecanismos para atividades conjuntas destinadas a reforçar as capacidades de defesa no interesse de prevenir a guerra e promover a paz e a segurança regional e internacional.
  • Artigo 9: ambos interagem para enfrentar conjuntamente os desafios e ameaças em áreas de importância estratégica, incluindo segurança alimentar, energética e de tecnologia da informação e comunicação (TIC), alterações climáticas , saúde e cadeias de abastecimento.
  • Artigo 10: Rússia e Coreia promovem a expansão e o desenvolvimento da cooperação nos domínios econômico-comercial, de investimento, e técnico-científico. Promovem o aumento do comércio e criam condições favoráveis para a cooperação, prestam assistência às zonas econômicas especiais/livres uma da outra. Incentivam o intercâmbio e a cooperação em áreas da ciência e da tecnologia tais como o espaço, a biologia, a energia nuclear pacífica, a inteligência artificial, a tecnologia da informação e outras.
  • Artigo 11: as partes realizarão eventos para promover as relações bilaterais, incluindo missões empresariais, conferências, exposições, feiras etc.
  • Artigo 12: os dois países reforaçam o intercâmbio e a cooperação nos domínios da agricultura, educação, saúde, esportes, cultura, turismo e outros e interagirão na área da proteção ambiental e alívio de desastres naturais.
  • Artigo 13: as partes cooperam no reconhecimento mútuo de normas e outras aplicações técnicas.
  • Artigo 14: cada parte protege os direitos e interesses dos cidadãos e pessoas jurídicas da outra parte que se encontrarem em seu território. As partes cooperarão em matéria civil e criminal, incluindo na extradição de pessoas e devolução de bens.
  • Artigo 15: são aprofundados os contatos entre as entidades estatais de ambas as partes.
  • Artigo 16: Rússia e Coreia do Norte se opõem às sanções unilaterais, incluindo as de natureza extraterritorial, considerando-as contrárias à Carta das Nações Unidas e às normas do direito internacional. As partes coordenam esforços e interagem para apoiar iniciativas que visam à eliminação da prática da utilização de tais medidas. Tais medidas, prossegue o artigo, não serão aplicadas direta ou indiretamente por uma parte às pessoas naturais ou jurídicas da outra, além do quê, os países empreendem esforços para mitigar os riscos e os impactos de medidas assim adotadas por outros países.
  • Artigo 17: os países cooperam na luta contra o terrorismo internacional, extremismo, crime organizado transacional, tráfico de seres humanos, tomada de reféns, migração ilegal, fluxos financeiros ilícitos, legalização de produtos do crime, financiamento do terrorismo, financiamento da proliferação de armas de destruição em massa, ameaças à aviação civil e à navegação marítima, contrabando, tráfico de drogas, armas, bens culturais e históricos.
  • Artigo 18: estabelece a interação no domínio da segurança internacional da informação e a contribuição dos dois estados para a formação de um sistema para prover essa segurança, inclusive através de documentos universais juridicamente vinculantes. O estados, segundo a Coreia do Norte e a Rússia, devem ter direitos iguais na gestão da Internet e contra a utilização maliciosa das TIC com a finalidade de prejudicar a dignidade e a reputação de estados soberanos e usurpar seus direitos, considerando “inaceitáveis quaisquer tentativas de limitar o direito soberano de regular e garantir a segurança dos segmentos nacionais da rede global”.
  • Artigo 19: Rússia e Coreia do Norte promovem intercâmbios literários, o uso da língua coreana na Rússia e da língua russa na Coreia, o conhecimento mútuo e a comunicação de seus povos.
  • Artigo 20: os dois países cooperam em matéria midiática, na promoção global de informação objetiva sobre eles e na criação de condições favoráveis para a interação dos meios de comunicação nacionais.
  • Artigo 21: as partes trabalham para ampliar o escopo da cooperação por meio de acordos setoriais em áreas não previstas nesse tratado.
  • Artigo 22: estabelece a vigência desse tratado a partir da troca dos instrumentos de ratificação entre Rússia e Coreia do Norte e estabelece que então cessará a vigência do acordo celebrado no ano 2000.
  • Artigo 23: trata da vigência do acordo por tempo indeterminado.

(Foto em destaque: Vladímir Putin e Kim Jong Un. KCNA)

Argentina: denunciadas detenções ilegais

Após os protestos contra a Lei de Bases, dia 12 de junho deste ano, 16 dos 33 manifestantes presos continuaram na cadeia sem explicações: “os argumentos para que as [16 pessoas] restantes não fossem libertadas são genéricos, não se justificam , nem explicam porquê”, disse a diretora executiva da Anistia Internacional argentina, Mariela Belski, ao Brasil de Fato. A denúncia do governo por falta de proteção ao direito de manifestação e para exigir o direito à liberdade de expressão será levada a cortes internacionais. “A criminalização do protesto, tal como a utilização de instrumentos penais, é utilizada para confrontar e enviar uma mensagem clara de medo àqueles que ousam exigir às autoridades, que se oponham às medidas do Poder Executivo, sobretudo se os gabinetes da Presidência relacionam os que protestam com terroristas e os que lideram esses protestos com um golpe de Estado”.

A criminalização do protesto é utilizada para confrontar e enviar uma mensagem clara de medo, relacionam os que protestam com terroristas e os que lideram esses protestos com um golpe de Estado.

Mariela Belski – Anistia Internacional
Policiais reprimem manifestantes contra a Lei de Bases no último dia 12 em Buenos Aires, na Argentina.

Também parlamentares argentinos apresentaram denúncia à Justiça Federal Argentina, pedindo a prisão da ministra Patrícica Bullrich, da Segurança Pública, e que seja investigada por privação ilegal da liberdade, tortura, ofensas corporais graves, abuso de autoridade e violação dos deveres de funcionária pública. Bullrich, que já havia ocupado o mesmo posto sob o governo de Mauricio Macri, afirmou como candidata à presidência que as ideias do atual presidente Javier Milei eram “perigosas e ruins”, mas também que, “quando a pátria está em perigo, tudo é permitido” – e este vale-tudo se tem se concretizado, entre outras, nas medidas repressivas. Ao perder no primeiro turno para o ex-ministro da Economia de Alberto Fernández, Sergio Massa, e para Javier Milei, ela se tornou a fiadora, por parte da direita tradicional, da candidatura do anarco-capitalista Milei, então deputado federal.