Rússia: Ucrânia ataca banhistas em Sevastopol

A cidade autônoma de Sevastopol, na Península da Crimeia, foi atacada neste domingo (23) por mísseis norte-americanos ATACMS com munição de fragmentação. O alvo foi uma praia lotada, e o ataque deixou quatro mortos (sendo duas crianças) e mais de 150 feridos. Mikhail Podolyak, assessor presidencial ucraniano, tentou justificar o ato dizendo que se tratava de “ocupantes civis”. O Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos afirmou à Agencia TASS que a utilização de munições de fragmentação em áreas povoadas é contrária aos princípios do direito humanitário.

Socorro a vítimas do ataque ucraniano a praia em Sevastopol, na Crimeia.

No mesmo dia, a República Autônoma do Daguestão sofreu um ataque terrorista que deixou mais de uma dezena de mortos, entre policiais, civis e criminosos – entre os alvos estiveram uma igreja ortodoxa e uma sinagoga. Um padre chamado Nikolay, que era um dos símbolos da convivência entre as religiões na república pertencente a Federação Russa está entre os mortos.

Escultura representando o padre Nikolay, morto no atentado no Daguestão, em meio a rabino e mulá. (Foto: Daniil/Russians With Attitude)

Rússia: míssil dos EUA derrubou avião com prisioneiros

A Rússia divulgou vídeo de seu Comitê Investigativo analisando destroços de um míssil do sistema Patriot, fornecido pelos EUA e seus aliados à Ucrânia, no local da tragédia com o avião Il-76 que transportava prisioneiros de guerra que seriam trocados no último dia 24 de janeiro por prisioneiros russos. O avião transportava 6 tripulantes, 3 policiais militares e 65 prisioneiros. Foram encontrados 116 fragmentos dos mísseis disparados contra o avião, que caiu próximo a Belgorod, na Rússia.

Investigadores russos junto a fragmentos de míssil do sistema Patriot no local do abate do avião Il-76.

O país também divulgou que conseguiu identificar restos mortais de todas as 74 vítimas. Os remanescentes consistem em 670 fragmentos de corpos, que foram identificados por análise de DNA. O lado russo afirma que a Ucrânia havia sido informada sobre o transporte, mas mesmo assim disparou 2 mísseis Patriot a partir da região de Kharkov, do outro lado da fronteira.

Logo que a notícia começou a se espalhar, manchetes foram redigidas na Ucrânia afirmando que “foi trabalho nosso”, “abate do Il-76 em Belgorod foi trabalho das Forças Armadas da Ucrânia”. Quando a Rússia divulgou que o avião transportava prisioneiros de guerra, porém, as manchetes foram alteradas para “caiu um avião” e “transportava mísseis” (do que não há evidência até o momento).

Conversando com Leandro nº 3 – Guerra na Ucrânia

Nessa terceira edição de Conversando com Leandro, Leandro Fonseca e Leandro Arndt abordam o massacre de Bucha, o ataque com mísseis a Kramatorsk, a situação em Mariupol.

Sobre Bucha, retomou-se o artigo publicado aqui sobre a cronologia do massacre a partir de fontes ucranianas e ocidentais. Essa cronologia, a partir de informações divulgadas pelo próprio Estado ucraniano e por mídias que têm apoiado a posição ucraniana, demonstra a ocorrência de uma “depuração”, uma “operação de limpeza” da cidade contra “sabotadores e cúmplices dos russos”, o que pode ser entendido no mesmo sentido da “limpeza” genocida promovida pela Organização dos Nacionalistas Ucranianos. Isso, contudo, sem esconder, nem esquecer os crimes de guerra que os dois lados têm cometido na atual guerra.

Sobre Kramatorsk, foram evidenciados os meios disponíveis para investigação do incidente que matou dezenas de civis nessa cidade, pertencente ao oblast de Donetsk. Especialmente, a possibilidade de rastreio da origem do míssil – de um modelo que hoje não é mais operado pela Rússia, embora exista a possibilidade de tê-lo em estoque, mas que é operado e foi utilizado muitas vezes nesta guerra pela Ucrânia. Acima de tudo, nessa questão é preciso ter uma investigação ampla e adequada.

Também foram abordados temas como as sanções contra a Rússia e a expectativa de novos confrontos no Donbas.

Por fim, foi analisado o avanço russo na cidade de Mariupol, no sul do oblast de Donetsk, bastião do Batalhão de Azov (organização neonazista pertencente à Guarda Nacional da Ucrânia).