Geórgia: interferência europeia contra lei de agentes estrangeiros

Os ministros do exterior da Estônia, Letônia e Lituânia viajaram à Geórgia para protestar contra o projeto de lei que visa coibir a influência estrangeira. A União Europeia (UE), por sua vez, ameaça sanções caso a lei seja adotada. O prefeito da capital, porém, disse que não haverá “ucranização”.

O polêmico projeto de lei apenas exige registro de ONGs que sejam financiadas do exterior em um montante superior a 20% da sua arrecadação – serão chamadas de “agentes de influência estrangeira”. Embora seja tachada de “lei russa” pelos opositores dentro e fora da Geórgia, também países como os EUA e o Reino Unido têm legislação similar, e a própria UE discute a adoção da sua própria regulamentação.

Prefeito da capital de Tibilisi, capital da Geórgia: Hoje estão tentando organizar uma “revolução dos financiadores”.

A lei foi aprovada pelo parlamento georgiano no dia na última terça-feira (14) e a presidente Salome Zourabichvili promete vetá-la – o veto, porém, pode ser derrubado pelo parlamento, que conta com a maioria do partido Sonho Georgiano, mesmo partido do primeiro-ministro Irakli Kobakhidze. O movimento contrário à lei, segundo Scott Ritter, ex-agente de inteligência dos EUA, é financiado pelo National Endowment for Democracy, uma agência do governo dos EUA. A presidente e o primeiro-ministro estão são de partidos opostos no campo político georgiano.

Estônia instala barreiras antitanque na fronteira com a Rússia

Barreiras antitanque conhecidas como “dentes de dragão” sendo instaladas na ponte que liga a Estônia à Rússia entre as cidades de Narva e Ivangorod.

Em mais um agravamento da tensão na fronteira noroeste da Rússia, esta noite a Estônia instalou barreiras antitanque na ponte que liga os dois países entre Narva e Ivangorod. A medida, que transmite aos habitantes locais a ideia de um suposto perigo iminente de invasão russa, veio logo após a Finlândia, recém-admitida à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), anunciar o fechamento de todas as passagens na fronteira com a Rússia, exceto a de Raja-Jooseppi.

Ambas as medidas vêm após um prolongado agravamento das tensões na região, que incluem o banimento da língua russa nas escolas da Lituânia, a respeito do qual o Alto Comissário das Nações Unidas sobre Direitos Humanos expressou sua preocupação: “O governo da Lituânia tem a obrigação, no direito internacional e em instrumentos regionais, de proteger e sustentar os direitos linguísticos das comunidades minoritárias no país, sem discriminação”. Desde o ano passado, uma lei local determinou a expulsão de pessoas apátridas ou com cidadania russa ou bielorrussa que não fossem aprovadas em um exame de proficiência da língua lituana – sendo que muitos desses apenas haviam permanecido no local onde residiam após a desintegração da União Soviética (somente os lituanos étnicos foram admitidos como cidadãos do país nessa ocasião, independente da república onde residiam na URSS).

Opinião de Visão Católica

O fim da União Soviética viu o florescimento de nacionalismos extremos nas antigas repúblicas soviéticas do leste europeu – os únicos países que até agora conseguiram controlar o fenômeno foram a Rússia e a Bielorrússia. Esses nacionalismos são direcionados contra o inimigo óbvio que foi criado: a Federação Russa, herdeira do Império Russo e da União Soviética. O fenômeno é tão grave que até mesmo os colaboradores locais do nazismo são exaltados na Ucrânia e na Lituânia, com marchas dos remanescentes das SS nazistas nesta e a glorificação de pessoas como Stepan Bandera e das organizações colaboracionistas naquela. Recentemente, um membro ucraniano das SS foi ovacionado de pé no parlamento canadense durante a visita do presidente ucraniano, Vladimir Zelenski – o Canadá abriga uma importante comunidade de ucranianos exilados após a Segunda Guerra Mundial.

O caminho para evitar conflitos passa não pela exacerbação das tensões e diferenças, nem pela perseguição de minorias étnicas ou linguísticas, mas sim pelo desarmamento e pela cooperação entre os povos, com o reconhecimento do direito de cada um deles ao desenvolvimento e à soberania. A Isso não é nenhum ensinamento novo, mas parte da Carta Encíclica Pacem in terris, do papa João XXIII, que ensina:

110. Costuma-se justificar essa corrida ao armamento aduzindo o motivo de que, nas circunstâncias atuais, não se assegura a paz senão com o equilíbrio de forças: se uma comunidade política se arma, faz com que também outras comunidades políticas porfiem em aumentar o próprio armamento. […]

112. Eis por que a justiça, a reta razão e o sentido da dignidade humana terminantemente exigem que se pare com essa corrida ao poderio militar, que o material de guerra, instalado em várias nações, se vá reduzindo duma parte e doutra, simultaneamente, que sejam banidas as armas atômicas; e, finalmente, que se chegue a um acordo para a gradual diminuição dos armamentos, na base de garantias mútuas e eficazes. […]

113. Todos devem estar convencidos de que nem a renúncia à competição militar, nem a redução dos armamentos, nem a sua completa eliminação, que seria o principal, de modo nenhum se pode levar a efeito tudo isto, se não se proceder a um desarmamento integral, que atinja o próprio espírito, isto é, se não trabalharem todos em concórdia e sinceridade, para afastar o medo e a psicose de uma possível guerra. Mas isto requer que, em vez do critério de equilíbrio em armamentos que hoje mantém a paz, se abrace o princípio segundo o qual a verdadeira paz entre os povos não se baseia em tal equilíbrio, mas sim e exclusivamente na confiança mútua. Nós pensamos que se trata de objetivo possível, por tratar-se de causa que não só se impõe pelos princípios da reta razão, mas que é sumamente desejável e fecunda de preciosos resultados.