Cristo ressuscitou! Aleluia!

Irmãos caríssimos, Cristo ressuscitou! Cantemos com toda a Igreja: aleluia, aleluia! Proclamemos em alta voz: o crucificado, aquele que o mundo desprezou, hoje vive e reina eternamente em sua glória!

Não pude, ainda, colocar no ar a nova versão do Caritas in Veritate – faltam apenas alguns ajustes. Entretanto, deixo-vos a mensagem Urbi et orbi do papa Francisco por ocasião desta Páscoa, na qual nos pede para rezar por muitos povos que precisam também viver suas páscoas, suas passagens da escravidão para a liberdade, da morte para a vida. Uma feliz Páscoa a todos!

Mensagem Urbi et Orbi do Santo Padre Francisco – Páscoa de 2014

Amados irmãos e irmãs, boa e santa Páscoa!

Ressoa na Igreja espalhada por todo o mundo o anúncio do anjo às mulheres: «Não tenhais medo. Sei que buscais Jesus, o crucificado; não está aqui, pois ressuscitou (…). Vinde, vede o lugar onde jazia» ( Mt 28, 5-6).

Mensagem “Urbi et orbi” do papa Francisco por ocasião da Páscoa de 2014

Este é o ponto culminante do Evangelho, é a Boa Nova por excelência: Jesus, o crucificado, ressuscitou! Este acontecimento está na base da nossa fé e da nossa esperança: se Cristo não tivesse ressuscitado, o cristianismo perderia o seu valor; toda a missão da Igreja via esgotar-se o seu ímpeto, porque dali partiu e sempre parte de novo. A mensagem que os cristãos levam ao mundo é esta: Jesus, o Amor encarnado, morreu na cruz pelos nossos pecados, mas Deus Pai ressuscitou-O e fê-Lo Senhor da vida e da morte. Em Jesus, o Amor triunfou sobre o ódio, a misericórdia sobre o pecado, o bem sobre o mal, a verdade sobre a mentira, a vida sobre a morte.

Por isso, nós dizemos a todos: «Vinde e vede». Em cada situação humana, marcada pela fragilidade, o pecado e a morte, a Boa Nova não é apenas uma palavra, mas é um testemunho de amor gratuito e fiel: é sair de si mesmo para ir ao encontro do outro, é permanecer junto de quem a vida feriu, é partilhar com quem não tem o necessário, é ficar ao lado de quem está doente, é idoso ou excluído… « Vinde e vede»: o Amor é mais forte, o Amor dá vida, o Amor faz florescer a esperança no deserto.

Com esta jubilosa certeza no coração, hoje voltamo-nos para Vós, Senhor ressuscitado!

Ajudai-nos a procurar-Vos para que todos possamos encontrar-Vos, saber que temos um Pai e não nos sentimos órfãos; que podemos amar-Vos e adorar-Vos.

Ajudai-nos a vencer a chaga da fome, agravada pelos conflitos e por um desperdício imenso de que muitas vezes somos cúmplices.

Tornai-nos capazes de proteger os indefesos, sobretudo as crianças, as mulheres e os idosos, por vezes objecto de exploração e de abandono.

Fazei que possamos cuidar dos irmãos atingidos pela epidemia de ébola na Guiné Conacri, Serra Leoa e Libéria, e daqueles que são afectados por tantas outras doenças, que se difundem também pela negligência e a pobreza extrema.

Consolai quantos hoje não podem celebrar a Páscoa com os seus entes queridos porque foram arrancados injustamente dos seus carinhos, como as numerosas pessoas, sacerdotes e leigos, que foram sequestradas em diferentes partes do mundo.

Confortai aqueles que deixaram as suas terras emigrando para lugares onde possam esperar um futuro melhor, viver a própria vida com dignidade e, não raro, professar livremente a sua fé.

Pedimo-Vos, Jesus glorioso, que façais cessar toda a guerra, toda a hostilidade grande ou pequena, antiga ou recente!

Suplicamo-Vos, em particular, pela Síria, a amada Síria, para que quantos sofrem as consequências do conflito possam receber a ajuda humanitária necessária e as partes em causa cessem de usar a força para semear morte, sobretudo contra a população inerme, mas tenham a audácia de negociar a paz, há tanto tempo esperada.

Jesus glorioso, pedimo-vos que conforteis as vítimas das violências fratricidas no Iraque e sustenteis as esperanças suscitadas pela retomada das negociações entre israelitas e palestinianos.

Imploramo-Vos que se ponha fim aos combates na República Centro-Africana e que cessem os hediondos ataques terroristas em algumas zonas da Nigéria e as violências no Sudão do Sul.

Pedimos-Vos que os ânimos se inclinem para a reconciliação e a concórdia fraterna na Venezuela.

Pela vossa Ressurreição, que este ano celebramos juntamente com as Igrejas que seguem o calendário juliano, vos pedimos que ilumine e inspire as iniciativas de pacificação na Ucrânia, para que todas as partes interessadas, apoiadas pela Comunidade internacional, possam empreender todo esforço para impedir a violência e construir, num espírito de unidade e diálogo, o futuro do País.Que eles como irmãos possam cantar Хрhctос Воскрес.

Pedimo-Vos, Senhor, por todos os povos da terra: Vós que vencestes a morte, dai-nos a vossa vida, dai-nos a vossa paz! Queridos irmãos e irmãs, feliz Páscoa!

Saudação

Queridos irmãos e irmãs,

Renovo os meus votos de feliz Páscoa a todos vós reunidos nesta Praça, vindos de todas as partes do mundo. Estendo as minhas felicitações pascais a todos que, de diversos países, estão conectados através dos meios de comunicação social. Levai às vossa famílias e às vossas comunidades o feliz anúncio que Cristo nossa paz e nossa esperança ressuscitou!

Obrigado pela vossa presença, pela vossa oração e pelo vosso testemunho de fé. Um pensamento particular e de reconhecimento pelo dom das belíssimas flores, oriundas dos Países Baixos. Feliz Páscoa para todos!

A vida do cristão

Nesse tempo de quaresma, somos convidados à conversão, isto é, a volvermo-nos para Deus e orientarmo-nos segundo ele. Nesse sentido são interessantes as leituras das horas canônicas para hoje. Nas laudes (pela manhã):

Vós vistes o que fiz aos egípcios, e como vos levei sobre asas de águia e vos trouxe a mim. Portanto, se ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, sereis para mim a porção escolhida dentre todos os povos, porque minha é toda a terra. E vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa. (Ex 19,4-6a)

Nas vésperas (no fim da tarde):

Pela misericórdia de Deus, eu vos exorto, irmãos, a vos oferecerdes em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: este é o vosso culto espiritual. Não vos conformeis com o mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e de julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, isto é, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito. (Rm 12,1s)

Na primeira leitura, temos uma recordação da eleição de Israel dentre todas as nações, para que seja a ligação entre Deus e a humanidade. Israel foi tirado do Egito, como que pinçado e transposto para a terra prometida, onde deveria permanecer pela eternidade, com a única condição de seguir a Aliança que Deus lhe ofereceu. Essa Aliança, esse tratado entre Deus e seu povo, era praticamente unilateral: Deus ofereceu o território, a soberania, a justiça e o direito; Israel apenas deveria aceitar, tornando-se assim a referência para todas as nações.

Eis o que vai acontecer no fim dos tempos,
que o monte onde está a casa do Senhor
será erguido muito acima de outros montes,
e elevado bem mais alto que as colinas.

Para ele acorrerão todas as gentes,
muitos povos chegarão ali dizendo:
“Vinde, subamos a montanha do Senhor,
vamos à casa do Senhor Deus de Israel,

para que ele nos ensine seus caminhos,
e trilhemos todos nós suas veredas.
Pois de Sião a sua Lei há de sair,
Jerusalém espalhará sua Palavra”.

Será ele o Juiz entre as nações
e o árbitro de povos numerosos.
Das espadas farão relhas de arado
e das lanças forjarão as suas foices.

Uma nação não se armará mais contra a outra,
nem haverão de exercitar-se para a guerra.
Vinde, ó casa de Jacó, vinde, achegai-vos,
caminhemos sob a luz de nosso Deus! (Is 2,2-5)

Essa é a Aliança oferecida por Deus à casa de Jacó, Israel. Bastava aceitar o que Deus lhe entregava, e Deus lhe entregava tudo. Agir em conformidade com a aliança era o que bastava para reinar por todo o sempre sobre a terra da promessa. Para que todas as nações não mais guerreassem, mas se dirigissem a Israel e a seu Deus.

Mas, Israel não agiu conforme o direito e a justiça que Deus lhes entregou, não realizou o “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”, o “culto espiritual”. Por sua dureza de coração, quando o Filho do Deus Vivo, Jesus Cristo, veio ao mundo, para os que eram seus, não foi recebido. Contudo, os que o receberam, estes foram transformados em filhos de Deus (Jo 1,11s), transfigurados com Jesus Cristo e nele moldados. Não nasceram mais do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus (Jo 1,13). Assim, não estão mais sujeitos à carne ou a homem, mas a Deus. Devem distinguir o que é bom, o que agrada a Deus, o que é perfeito – isto é, a vontade de Deus – e agir em conformidade. Deus nos retirou dentre os pecadores, e nos fez uma Igreja, uma nação santa, um reino de sacerdotes para que o império de sua vontade se espalhe sobre toda a terra. Assim ajamos. Amém.

Jesus Cristo, Rei do Universo

Hoje, domingo da 34.ª semana do tempo comum, último domingo antes do advento, comemoramos Jesus Cristo, Rei do Universo. É o encerramento do ano litúrgico, que se iniciou com a espera da vinda do Filho do Homem, seu nascimento, sua adoração por todas as nações e pelos anjos, que passou por seu ministério, sua paixão, morte e ressurreição, com que foi tragada a morte para longe de nós, de forma que com ele hoje vivemos e comemoramos e pedimos que venha o seu reinado. Vejamos algumas palavras de Orígenes, presbítero do século III, a esse respeito, conforme a Liturgia das Horas para hoje:

O Reino de Deus, conforme as palavras de nosso Senhor e Salvador, não vem visivelmente, nem se dirá: Ei-lo aqui ou ei-lo ali; mas o reino de Deus está dentro de nós (cf. Lc 17,21), pois a palavra está muito próxima de nossa boca e em nosso coração (cf. Rm 10,8). Donde se segue, sem dúvida nenhuma, que quem reza pedindo a vinda do reino de Deus pede – justamente por já ter em si um início deste reino – que ele desponte, dê frutos e chegue à perfeição.

Pois Deus reina em todo o santo e quem é santo obedece às leis espirituais de Deus, que nele habita como em cidade bem administrada. Nele está presente o Pai e, junto com o Pai, reina Cristo na pessoa perfeita, segundo suas palavras: Viremos a ele e nele faremos nossa morada (Jo 14,23).

Então o reino de Deus, que já está em nós, chegará por nosso contínuo adiantamento à plenitude, quando se completar o que foi dito pelo Apóstolo: sujeitados todos os inimigos, Cristo entregará o reino a Deus e Pai, a fim de que Deus seja tudo em todos (cf. 1Cor 15,24.28). Por isto, rezemos sem cessar, com aquele amor que pelo Verbo se faz divino; e digamos a nosso Pai que está nos céus: Santificado seja teu nome, venha o teu reino (Mt 6,9-10).

Pedindo a Deus que seu reino se faça presente em nós desde já e eternamente, oremos:

Vinde Espírito Santo, enchei os corações de vosso fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado.
R. E renovareis a face da terra.
Oremos: ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas, segundo o mesmo Espírito, e gozemos sempre da sua consolação. Por Cristo, Senhor nosso. Amém.

2.º domingo da quaresma – a Transfiguração de Jesus Cristo

São riquíssimos os textos lidos neste domingo na missa. Abordarei aqui e nas próximas postagens alguns aspectos teológicos dos mesmos. A leitura do Evangelho foi tirada de Lc 9 28b-36, que possui paralelos em Mt 17,1-9 e Mc 9,2-10:

Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e subiu ao monte para orar. Enquanto orava, transformou-se o seu rosto e as suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura. E eis que falavam com ele dois personagens: eram Moisés e Elias, que apareceram envoltos em glória, e falavam da morte dele, que se havia de cumprir em Jerusalém. Entretanto, Pedro e seus companheiros tinham-se deixado vencer pelo sono; ao despertarem, viram a glória de Jesus e os dois personagens em sua companhia. Quando estes se apartaram de Jesus, Pedro disse: “Mestre, é bom estarmos aqui. Podemos levantar três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias!…”. Ele não sabia o que dizia. Enquanto ainda assim falava, veio uma nuvem e encobriu-os com a sua sombra; e os seus discípulos, vendo-os desaparecer na nuvem, tiveram um grande pavor. Então da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu filho muito amado; ouvi-o!”. E, enquanto ainda ressoava esta voz, achou-se Jesus sozinho. Os discípulos calaram-se e a ninguém disseram naqueles dias coisa alguma do que tinham visto. [Lc 9,28b-36]

Muitos cientistas perscrutam o cosmos em busca da origem do universo. Seus esforços, porém, são inúteis, porque a matéria que enxergam está submetida ao tempo, e portanto precisa sempre de um precedente e leva sempre a uma consequência. Enquanto procurarem nela, sempre haverá uma origem anterior a ser procurada. Nessa passagem bíblica, porém, a origem última de tudo o que existe, aquele que dá existência a tudo (Cl 1,15-17), manifesta-se em sua glória.

O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos olhos, o que temos contemplado e as nossas mãos têm apalpado no tocante ao Verbo da vida – porque a vida se manifestou, e nós a temos visto; damos testemunho e vos anunciamos a vida eterna, que estava no Pai e que se nos manifestou -, o que vimos e ouvimos nós vos anunciamos, para que também vós tenhais comunhão conosco. [1Jo 1,1s]

Foi a própria vida que se manifestou no monte, revelando sua glória. Veja bem que, dentre os homens, apenas Jesus Cristo manifestou sua glória, pois a ele, que é Deus com o Pai e o Espírito Santo, a glória pertence. Mas também estes dois se manifestaram, repetindo assim o testemunho dado quando do batismo de Cristo (Mt 3,16s; Jo 1,32-34): “Eis meu filho amado”; o Espírito, que se havia manifestado como pomba, aparece como nuvem, como sopro (cf. Catecismo da Igreja Católica [CEC], 554-556). A tenda da glória de Deus (v. Ex 25,8; 33,7-11) está aí, por isso Pedro “não sabia o que dizia” – já não é mais necessário erguer uma tenda ou um templo para que Deus nele habite, pois Deus já está conosco (cf. Mt 1,23; Ap 21,3).

É loucura, portanto, procurar a origem de tudo nas coisas passageiras, quando a própria Palavra que tudo criou e que tudo sustenta se manifestou a nós, como conhecemos do testemunho dos apóstolos e da Escritura. E mais ainda, o destino de tudo também nos foi aí revelado, como ouvimos na segunda leitura:

Irmãos, sede meus imitadores, e olhai atentamente para os que vivem segundo o exemplo que nós vos damos. Porque há muitos por aí, de quem repetidas vezes vos tenho falado e agora o digo chorando, que se portam como inimigos da cruz de Cristo, e cujo destino é a perdição, cujo deus é o ventre, para quem a própria ignomínia é causa de envaidecimento, e só têm prazer no que é terreno. Nós, porém, somos cidadãos dos céus. É de lá que ansiosamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará nosso mísero corpo, tornando-o semelhante ao seu corpo glorioso, em virtude do poder que tem de sujeitar a si toda criatura.

Portanto, meus muito amados e saudosos irmãos, alegria e coroa minha, continuai assim firmes no Senhor, caríssimos. [Fl 3,174,1]

Somos destinados, portanto, à glória de Cristo, ao qual seremos tornados semelhantes pelo poder de Deus, se procurarmos imitá-lo. Jesus Cristo é a origem e o fim de tudo (Cl 1,16; Ap 1,8; 22,13). Não há que se procurar origem e finalidade em outro lugar, se não se quiser enganar.

Quarta-feira de cinzas

Hoje se inicia o tempo da quaresma. A cor roxa nos paramentos litúrgicos nos convida à conversão. O jejum que fazemos hoje (alimentar-se apenas uma vez, ou mesmo comer moderadamente em três refeições, para aqueles que podem) nos faz lembrar a fraqueza de nossa condição pecadora, para que depositemos em Deus nossa confiança. Esse é também o tempo em que os antigos faziam a catequese dos que postulavam ao batismo e, quando se encerra esse tempo, ao celebrarmos a ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo na vigília pascal, ainda hoje se batizam os adultos. É tempo de conversão, de voltar-se para Deus, de meditar sobre a vitória de Jesus Cristo sobre a tentação e o pecado, para em seguida celebrarmos a nova vida na ressurreição do Cristo, aquele que detém as chaves para nos libertar da morte.

Deixo-vos as preces de hoje nas laudes, o ofício da Liturgia das Horas celebrado no início do dia, que bem resumem esse tempo:

Demos graças a Deus Pai, que nos concede o dom de iniciar hoje o tempo quaresmal. Supliquemos que durante estes dias de salvação ele purifique e confirme os nossos corações na caridade, pela vinda e ação do Espírito Santo. Digamos, pois, cheios de confiança:
R. Dai-nos, Senhor, o vosso Espírito Santo!

Ensinai-nos a saciar o nosso espírito, com toda palavra que brota de vossos lábios.
R. Dai-nos, Senhor, o vosso Espírito Santo!

Fazei que pratiquemos a caridade, não apenas nas grandes ocasiões, mas principalmente no cotidiano de nossas vidas.
R. Dai-nos, Senhor, o vosso Espírito Santo!

Concedei que saibamos renunciar ao supérfluo, para podermos socorrer os nossos irmãos necessitados.
R. Dai-nos, Senhor, o vosso Espírito Santo!

Dai-nos trazer sempre em nosso corpo os sinais da Paixão de vosso Filho, vós que nos destes a vida em seu corpo.
R. Dai-nos, Senhor, o vosso Espírito Santo!

(Intenções livres)

Pai nosso que estais nos céus,
santificado seja o vosso nome;
venha a nós o vosso reino,
seja feita a vossa vontade,
assim na terra como no céu;
o pão nosso de cada dia nos dai hoje;
perdoai-nos as nossas ofensas,
assim como nós perdoamos
a quem nos tem ofendido,
e não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do mal.

Concedei-nos, ó Deus todo-poderoso, iniciar com este dia de jejum o tempo da Quaresma, para que a penitência nos fortaleça no combate contra o espírito do mal. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Amém!

Natal em nossas vidas!

Primeiro, claro, um feliz natal a todos vocês! Hoje, 25 de dezembro, é dia de celebrarmos o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, salvador dos homens. Talvez você tenha ido à vigília natalina ontem, talvez tenha ido à missa hoje, ou ainda irá. O “horário nobre” do natal, claro, é a vigília, para comemorarmos aquela noite fria de inverno em Belém, cidade de Davi, “a menor entre as cidades” (Mt 2,6), na qual nasceu o Rei do Universo. Aquela noite em que os anjos cantaram “Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz aos homens, objetos da benevolência (divina)” (Lc 2,14).

Durante o advento, nos preparamos para essa celebração, mas também para a segunda vinda, gloriosa, de Cristo Jesus, quando então alcançaremos, pelos méritos d’Ele, mas também pela plena aceitação do Evangelho, o Novo Céu e a Nova Terra (Catecismo da Igreja Católica [CEC] 2006-2011, 1987-1995, esp. 1993; Declaração Conjunta [católico-luterana] sobre a Doutrina da Justificação). Assim como celebramos hoje o cumprimento das profecias do Antigo Testamento, sabemos também que as do Novo Testamento se cumprirão, e precisamos estar de pé quando Cristo voltar (Lc 21,27.34-36). Mas como estaremos de pé nesse dia, e não caídos no pecado?

“Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado.” (Mc 16,16) Contudo, a fé sem obras é morta (Tg 2,17), e a fé age mediante a caridade (Gl 5,6). Não é com nossas riquezas, sejam elas materiais, intelectuais ou falsamente morais, que entraremos no Reino de Deus, pois “é difícil para um rico entrar no Reino dos Céus!” (Mt 19,23). Ao contrário, bem-aventurados são aqueles “que têm um coração de pobre, pois deles é o Reino dos Céus!” (Mt 5,3) A Virgem Maria, sob inspiração do Espírito Santo, disse do Senhor (Lc 1,50-53):

Sua misericórdia se estende, de geração em geração,
sobre os que o temem,
Manifestou o poder do seu braço:
desconcertou os corações dos soberbos.
Derrubou do trono os poderosos
e exaltou os humildes.
Saciou de bens os indigentes
e despediu de mãos vazias os ricos.

Verdadeiramente, foi entre os pobres que Jesus Cristo nasceu, e foi no meio deles que viveu – ao contrário, os poderosos e os grandes de seu tempo o rejeitaram, como em geral fazem os grandes e os poderosos até hoje. Nós também temos a opção de ficar ao lado daqueles que mais necessitam, espiritual ou materialmente, nossa ajuda (Mt 25,31-40):

Quando o Filho do Homem voltar na sua glória e todos os anjos com ele, sentar-se-á no seu trono glorioso. Todas as nações se reunirão diante dele e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estão à direita: – Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo, porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim. Perguntar-lhe-ão os justos: – Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos? Quando foi que te vimos enfermo ou na prisão e te fomos visitar? Responderá o Rei: – Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes.

Você talvez tenha ido à missa e presenciado a ação litúrgica no sacramento da Eucaristia e na Palavra. Porém, é preciso que você viva a liturgia a cada dia – liturgia é uma palavra que vem do grego e significa serviço do povo e para o povo. Deus, servindo-nos na pessoa de Cristo, é o grande liturgo, e nós devemos imitá-lo, participando de sua obra (CEC, 1069). “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos muito amados. Progredi na caridade, segundo o exemplo de Cristo, que nos amou e por nós se entregou a Deus como oferenda e sacrifício de agradável odor.” (Ef 5,1s) É no sacrifício diário por nosso próximo que encontraremos Cristo, e estaremos de pé diante d’Ele, pois Ele está nos que necessitam, e, quando os servimos, servimos a Deus e O imitamos. Vivamos a presença de Jesus em nossas vidas!

Advento

Já chegamos à metade da primeira semana do advento. Novo tempo para a Igreja, que inicia mais um ano litúrgico, e que deve ser novo tempo para cada um de seus membros. Preparamo-nos agora para celebrar a primeira vinda de Jesus Cristo, o Filho de Deus, enquanto aguardamos que retorne em sua glória (Prefácio Eucarístico do Advento I). Espero que tenha ido à missa do domingo passado, primeiro desse novo tempo, e, se você não pôde ir, não tarde em procurar e beber da fonte da vida cristã, a liturgia, o serviço de Deus e dos homens, em especial a Sagrada Eucaristia (CEC, 1069-1070; SC, 7-10).

Se você foi à missa, ouviu a leitura do Evangelho, que diz: “Então, verão o Filho do Homem vir sobre uma nuvem com grande glória e majestade. […] Velai sobre vós mesmos, para que os vossos corações não se tornem pesados com o excesso do comer, com a embriaguez e com as preocupações da vida; para que aquele dia não vos pegue de improviso. Como um laço cairá sobre aqueles que habitam a face de toda a terra. Vigiai, pois, em todo o tempo e orai, a fim de que vos torneis dignos de escapar a todos esses males que hão de acontecer, e de vos apresentar de pé diante do Filho do Homem.” (Lc 21,27.34-36)

E como poderemos nos apresentar de pé diante de Cristo, quando retornar em sua glória? Sendo “imitadores de Deus, como filhos muito amados” (Ef 5,1) e membros de seu corpo, que é a Igreja. “Certamente, ninguém jamais aborreceu a sua própria carne; ao contrário, cada qual a alimenta e a trata, como Cristo faz à sua Igreja – porque somos membros de seu corpo.” (Ef 5,29s). São Cirilo de Jerusalém, falando sobre recebermos o corpo e o sangue de Cristo na eucaristia, disse que o fiel se torna, “tomando o corpo e o sangue de Cristo, concorpóreo e consangüíneo com Cristo. Assim nos tornamos portadores de Cristo (cristóforos), sendo nossos membros penetrados por seu corpo e sangue. Desse modo, como diz o bem-aventurado Pedro, ‘tornamo-nos partícipes da natureza divina’ [2Pd 1,4].” (S. Cirilo de Jerusalém, quarta catequese mistagógica, 3.)

Dessa maneira, somos conformados à imagem de Cristo, para o que fomos predestinados (Rm 8,29), e ouvimos as palavras do apóstolo:

Renunciai à vida passada, despojai-vos do homem velho, corrompido pelas concupiscências enganadoras. Renovai sem cessar o sentimento de vossa alma, e revesti-vos do homem novo, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade. [Ef 4,21-24]

“O Deus da paz vos conceda santidade perfeita. Que todo o vosso ser, espírito, alma e corpo, seja conservado irrepreensível para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo!” (1Ts 5,23)