Hoje foi publicada a leitura do primeiro número do Compêndio da Doutrina Social da Igreja no canal de Youtube Visão Católica. A leitura, acompanhada do texto do primeiro número do Compêndio, faz parte de um projeto para popularizar a doutrina social da Igreja Católica por meio de vídeos curtos – este tem menos de um minuto. O próximo vídeo já está agendado para publicação amanhã às 6h da manhã.
Primeiro vídeo da leitura do Compêndio da Doutrina Social da Igreja.
Esse é o início do Compêndio da Doutrina Social da Igreja. Nele se afirma que a salvação é dada ao homem somente no nome de Cristo, mas que essa salvação se realiza não apenas no mundo que há de vir, mas também nas realidades presentes, incluindo a economia, o trabalho, a sociedade, a política, as relações entre culturas e povos etc. A salvação trazida por Jesus é integral e “abrange o homem todo e todos os homens” (Redemptoris missio, 11).
(Publicado originalmente no Brasil de Fato) Lamentavelmente predomina no meio do povo religioso a leitura fundamentalista da Bíblia ancorada no falso princípio segundo o qual a Bíblia não deve ser interpretada, mas apenas posta em prática. Entre os muitos métodos de se interpretar a Bíblia, o pior de todos e único método repudiado pela Comissão Bíblica do Vaticano (Igreja Católica) é o método fundamentalista.
Foto: Enoc Valenzuela/Domínio Público.
Ingenuamente, muitas pessoas pensam que basta ler e automaticamente o que lhe vem à cabeça à primeira vista seja a interpretação correta do texto bíblico lido. Ledo engano. Como nem tudo que reluz é ouro, assim também muita coisa que lhe vem à mente a partir de suas pré-compreensões ao ler um texto bíblico pode não ser o que o texto quer dizer.
Se ignorarmos que os textos bíblicos são literaturas escritas em outros contextos muito antigos, com certos pretextos e intenções, se não buscarmos compreender as formas e os gêneros literários dos textos, ficará muito difícil compreender o significado mais profundo de cada passagem bíblica. Será muito grande o risco de se projetar nos textos bíblicos pré-compreensões recheadas de ideologia dominante, seja ela cultural ou religiosa.
Formas e gêneros literários na Bíblia
As formas e os gêneros literários nascem da maneira como as pessoas se expressam, oralmente ou por escrito; daquilo que elas desejam comunicar; do ambiente humano que as circundavam; da própria maneira como as pessoas se comunicam e interagem com os seus ouvintes. Raramente nascem da intenção do autor de querer adaptar sua linguagem à realidade do povo.
A Bíblia é literatura e como tal deve ser lida e bem interpretada. “Não vivemos do mesmo modo todos os momentos, nem todas as realidades. Nossa atitude vital muda segundo a nossa situação, o momento, a idade, o interesse e a intenção. E a linguagem muda de registro e se articula de modos distintos quando ocorre uma dessas mudanças”, afirma José Pedro Tosaus Abadía, no livro A Bíblia como Literatura.
Como a Palavra de Deus não chega diretamente aos humanos, mas é mediada pela palavra humana, Deus escolheu os seus profetas para a transmissão da sua mensagem. Daí a importância de conhecer as diversas formas usadas para a transmissão dessa Palavra para melhor captar e acolher a sua mensagem.
Ela começou com a tradição oral depois foram nascendo gradativamente os primeiros escritos, por volta de 1200 antes da era cristã, com o cântico de Débora, mais tarde o cântico de Miriam. Contudo permanece a pergunta: o que são formas e gêneros literários?
O pensamento humano torna-se concreto quando se transforma em palavra, em sua forma oral ou escrita, por meio de formas e gêneros literários. Esta forma depende do ambiente, do lugar geográfico e social que a pessoa ocupa, do público ao qual pertence e ao qual se dirige sua mensagem, daquilo que a pessoa deseja comunicar. Por isso, é preciso interpretar sensatamente os textos.
Um nordestino que vive na sua comunidade do nascimento até se tornar idoso, e que viajou pouquíssimas vezes, tem um jeito de se expressar diferente de um ribeirinho do Beiradão do rio Madeira no sul do estado do Amazonas onde se vive no meio da floresta, sem cavalo, sem moto, sem jegue, andando nas águas dos igarapés, lagos e rios, ouvindo os pássaros.
Cada região do estado ou do país tem sua cultura e com ela seu jeito de falar, escrever e se comunicar. Logo, não podemos imaginar que a Bíblia escrita ao longo de 1300 anos, entre o ano 1200 antes da era cristã e o ano 110 da era cristã, recolhendo uma imensa pluralidade de experiências de vida de muitos povos e circunstâncias diferentes, signifique para nós o que aparenta ser à primeira vista. E mais! Ninguém é tábula rasa ao ler ou ouvir os textos bíblicos. Todos nós lemos ou ouvimos os textos bíblicos com nossas pré-compreensões que, se não forem questionadas, podem nos induzir a falsas interpretações dos textos bíblicos. Por isso, a necessidade de compreendermos as formas e os gêneros literários bíblicos.
O que é a forma literária?
De origem latina, a palavra forma pode significar fôrma, molde, imagem, figura e não tem um sentido uniforme e unívoco; às vezes, é confundida com gênero ou espécie, o que não corresponde.
Não há uma dicotomia entre forma e conteúdo, antes “há uma íntima fusão entre os dois estratos ou modos de ser do texto… ambos se concentram num único objeto, a palavra escrita”, afirma Massaud Moisés em seu Dicionário de Termos Literários.
Forma e conteúdo são como carne e unha, estão sempre juntas, salvo exceções. A forma é tida muitas vezes como invólucro, mas não corresponde exatamente a isto, porque entre forma e conteúdo há uma integridade dinâmica e concreta que tem um conteúdo em si próprio, fora de qualquer correlação. Conteúdo e forma são inseparáveis, se revelam e se expressam no texto literário.
A forma literária pressupõe o que se diz, ou seja, o conteúdo e o modo de como se diz. Ambos estão inter-relacionados e são correlatos no ato de expressão. Como diz a filosofia moderna: só se pode conhecer o que está no tempo e no espaço, também na comunicação escrita só se escreve um conteúdo usando uma forma.
As formas literárias são as diferentes maneiras, pelas quais, os meios de expressão literária se organizam, em função de um efeito que o autor pretende alcançar. Elas carregam características comuns para poder classificá-los, por exemplo, entre as diferentes figuras de linguagem como a metáfora, a comparação e outras.
No caso da metáfora há a transferência para uma palavra, de características de outra, por exemplo no Salmo 103,14: “O Senhor se lembra do pó que somos nós”. Há uma identificação do pó com o ser humano. É uma comparação condensada sem o conectivo como. No Sl 103 a comparação do ser humano com o pó é para combater o orgulho, a arrogância do ser humano? Ou teria outro pretexto? Levantar esse tipo de pergunta é imprescindível para se chegar a uma interpretação justa.
Outra figura de linguagem é a comparação com o conectivo ‘como’: “O homem!… seus dias são como a relva: ele floresce como a flor do campo; roça-lhe um vento e já desaparece, ninguém mais reconhece seu lugar” (Sl 103,15). Compara o ser humano com a relva e a flor do campo, que hoje existem e amanhã não mais, são efêmeros, passam como a relva e a flor do campo, mas tem a vocação de ser relva cotidianamente e vicejar como a flor do campo.
Muitos estudiosos da Bíblia estabelecem diferença entre forma e gênero. A forma designaria para eles a unidade literária de extensão menor, já fixada oralmente ou por escrito. E por gênero designaria a unidade maior, mais extensa e global. Este gênero é identificado, reconhecido e classificado com base em três critérios fundamentais: os motivos formais; os motivos de conteúdo; e a situação vivencial que deu origem ao texto. Para entender melhor o que é gênero é preciso detalhar quais são os motivos de forma, conteúdo e situação vivencial.
O que é gênero literário?
A palavra Gênero como Forma vem do latim e significa linhagem, família. É uma questão muito antiga já discutida entre os filósofos gregos. Ele não tem uma forma unívoca e serve também para designar categorias literárias nos seus diferentes níveis como a prosa, poesia, poesia lírica, poesia épica, a novela, o soneto, ode, epigrama. Os gêneros literários são imanentes e ao mesmo tempo transcendem a obra, porque é possível encontrar as semelhanças entre as obras, o que torna possível a abstração, que por sua vez, vai além de cada obra.
Há características que são constantes em cada gênero e outras são variáveis. As constantes são as que os identificam. Podem ser classificados por analogia ou semelhança.
Pode ser um pouco amargo buscar e tentar compreender as formas e os gêneros dos textos bíblicos, mas é caminho salutar e necessário para se compreender de forma justa e sensata os textos bíblicos, ainda mais atualmente em tempos de fascismo e de extrema-direita usando e abusando de textos bíblicos e do nome de Deus para impor projetos de morte. Projetos idolátricos que são repudiados com veemência pelos profetas e profetisas bíblicas.
Gilvander Moreira é frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; agente e assessor da CPT/MG, assessor do CEBI e Ocupações Urbanas; prof. de Teologia bíblica no SAB (Serviço de Animação Bíblica)
Por mais que em alguns momentos possa ser difícil realizar o bem, ou mesmo evitar o mal, Deus nos deu a capacidade inata e a vocação para amá-lo e ao próximo – e “desses dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas” (Mt 22, 40). A moral, portanto – e mesmo toda a doutrina –, não deve ser exposta ou pensada como uma série de preceitos difíceis e fardos pesados de se carregar (ao contrário, “meu jugo é suave e meu fardo é leve”, disse Jesus – Mt 11, 30). A doutrina cristã e cada ato virtuoso são, em sua origem e seu fim, o Amor:
Toda a finalidade da doutrina e do ensinamento deve ser posta no amor que não acaba. Com efeito, pode-se facilmente expor o que é preciso crer, esperar ou fazer; mas sobretudo é preciso fazer sempre com que apareça o Amor de Nosso Senhor, para que cada um compreenda que cada ato de virtude perfeitamente cristão não tem outra origem senão o Amor, e outro fim senão o Amor.
(Catecismo Romano, prefácio, 10, apud Catecismo da Igreja Católica, 25)
Hoje, no Ofício das Leituras, foi lido um texto de São Basílio Magno a esse respeito. Vale a pena conhecê-lo:
Da Regra mais longa, de São Basílio Magno, bispo
(Resp. 2,1: PG 31,908-910) (Séc.IV)
Possuímos inata capacidade de amar
O amor de Deus não é matéria de ensino nem de prescrições. Não aprendemos de outrem a alegrar-nos com a luz, ou a desejar a vida, ou a amar os pais ou educadores. Assim – ou melhor, com muito mais razão –, não se encontra o amor de Deus na disciplina exterior. Mas, quando é criado, o ser vivo, isto é, o homem, a força da razão foi, como semente, inserida nele, uma força que contém em si a capacidade e a inclinação de amar. Logo que entra na escola dos divinos preceitos, o homem toma conhecimento desta força, apressando-se em cultivá-la com ardor, nutri-la com sabedoria e levá-la à perfeição, com o auxílio de Deus.
Sendo assim, queremos provar vosso empenho em atingir este objetivo. Pela graça de Deus e contando com as vossas preces, nós nos esforçaremos, segundo a capacidade dada pelo Espírito Santo, por suscitar a centelha do amor divino escondida em vós.
Antes de mais nada, nós dele recebemos antecipadamente a força e a capacidade de pôr em prática todos os mandamentos que Deus nos deu. Por isso não nos aflijamos como se nos fosse exigido algo de incomum, nem nos tornemos vaidosos pensando que damos mais do que havíamos recebido. Se usarmos bem destas forças, levaremos uma vida virtuosa; no entanto, mal empregadas, cairemos no pecado.
Ora, o pecado se define como o mau uso, o uso contrário à vontade de Deus daquilo que ele nos deu para o bem. Pelo contrário, a virtude, como Deus a quer, é o desenvolvimento destas faculdades que brotam da consciência reta, segundo o preceito do Senhor.
O mesmo diremos da caridade. Ao recebermos o mandamento de amar a Deus, já possuímos capacidade de amar, plantada em nós desde a primeira criação. Não há necessidade de provas externas: cada qual por si e em si mesmo pode descobri-la. De fato, nós desejamos, naturalmente, as coisas boas e belas, embora, à primeira vista, algumas pareçam boas e belas a uns e não a outros. Amamos também, sem ser necessário que nos ensinem nossos parentes e amigos e temos espontaneamente grande amizade por nossos benfeitores.
O que haverá, pergunto então, de mais admirável do que a beleza divina? Que coisa pode haver mais suave e deliciosa do que a meditação da magnificência de Deus? Que desejo será mais veemente e violento do que aquele inserido por Deus na alma liberta de toda impureza e que lhe faz dizer do fundo do coração: Estou ferida de amor? É na verdade totalmente indescritível o fulgor da beleza de Deus.
(Do Ofício das Leituras na terça-feira da I semana do Tempo Comum)
De todos os temas que estudei cursando teologia, um dos que mais me atraíram foi a história dos dogmas. Os dogmas são por definição imutáveis, e seus enunciados (quando proclamados formalmente) devem ser claros e precisos para que a eternidade do conteúdo se manifeste na perenidade da fórmula. Porém, essas mesmas formulações não surgem ao acaso: são fruto de intensos debates e mesmo de combates no interior da Igreja ou contra os hereges. Por isso mesmo, a sã teologia não é aquela que se limita a repetir fórmulas sem vida, mas que traz à vida a doutrina revelada e traz vida à doutrina formulada. (A mera repetição de fórmulas e citações, que vemos demais no YouTube e em livros simplistas, é chamada pejorativamente “teologia do Denzinger” até mesmo no prefácio ao compêndio doutrinário elaborado originalmente por Denzinger.)
Pois bem, hoje a segunda leitura do Ofício das Leituras é justamente uma exortação de são Vicente de Lerins, no século V, falando dessa vida do dogma, da mutabilidade do entendimento humano da Revelação divina:
O desenvolvimento do dogma na religião cristã
(Cap. 23: PL 50,667-668)
Não haverá desenvolvimento algum da religião na Igreja de Cristo? Há certamente e enorme.
Pois que homem será tão invejoso, com tanta aversão a Deus que se esforce por impedi-lo? Todavia deverá ser um verdadeiro progresso da fé e não uma alteração. Com efeito, ao progresso pertence o crescimento de uma coisa em si mesma. À alteração, ao contrário, a mudança de uma coisa em outra.
É, portanto, necessário que, pelo passar das idades e dos séculos, cresçam e progridam tanto em cada um como em todos, no indivíduo como na Igreja inteira, a compreensão, a ciência, a sabedoria. Porém apenas no próprio gênero, a saber, no mesmo dogma o mesmo sentido e a mesma significação.
Imite a religião das almas o desenvolvimento dos corpos. No decorrer dos anos, vão se estendendo e desenvolvendo suas partes e, no entanto, permanecem o que eram. Há grande diferença entre a flor da juventude e a madureza da velhice. Mas se tornam velhos aqueles mesmos que foram adolescentes. E por mais que um homem mude de estado e de aspecto, continuará a ter a mesma natureza, a ser a mesma pessoa.
Membros pequeninos na criancinha, grandes nos jovens, são, contudo, os mesmos. Os meninos têm o mesmo número de membros que os adultos. E se no tempo de idade mais adiantada neles se manifestam outros, já aí se encontram em embrião. Desse modo, nada de novo existe nos velhos que não esteja latente nas crianças.
Por conseguinte, esta regra de desenvolvimento é legítima e correta. Segura e belíssima a lei do crescimento, se a perfeição da idade completar as partes e formas sempre maiores que a sabedoria do Criador pré-formou nos pequeninos.
Mas se um homem se mudar em outra figura, estranha a seu gênero, ou se se acrescentar ou diminuir ao número dos membros, sem dúvida alguma todo o corpo morrerá ou se tornará um monstro ou, no mínimo, se enfraquecerá. Assim também deve o dogma da religião cristã seguir estas leis de crescimento, para que os anos o consolidem, se dilate com o tempo, eleve-se com as gerações.
Nossos antepassados semearam outrora neste campo da Igreja as sementes do trigo da fé. Será sumamente injusto e inconveniente que nós, os pósteros, em vez da verdade do trigo autêntico recolhamos o erro da simulada cizânia.
Bem ao contrário, é justo e coerente que, sem discrepância entre os inícios e o término, ceifemos das desenvolvidas plantações de trigo a messe também de trigo do dogma. E se algo daquelas sementes originais se desenvolver com o andar dos tempos, seja isto agora motivo de alegria e de cultivo.
Longe de mim insinuar que é bom estar distante da comunhão real do corpo e do sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo – é comendo desse Pão e bebendo desse Cálice que somos salvos (v. Jo 6,47-58), ele é o alimento que nos conforma a Cristo, que nos torna “concorpóreos e consagüíneos com Cristo”, nas palavras de São Cirilo de Jerusalém (Quinta catequese mistagógica, 3). Porém, é preciso desenvolver uma espiritualidade também litúrgica para esses tempos de pandemia e de quarentena.
Sacerdote eleva o Cálice do Sangue de Cristo. Foto: Circe Denyer.
Os enfermos não estão separados do corpo de Cristo, mesmo quando não podem comparecer à celebração eucarística – e a comunhão fora da Missa torna mais perfeita a união mística. Quem já recebeu Jesus sacramentado quando estava enfermo sabe da felicidade de ver Jesus Cristo vindo ao seu encontro. Mas, mesmo os enfermos que não podem receber Jesus fisicamente continuam unidos à Igreja, que é o corpo de Cristo.
Hoje vivemos todos como esses enfermos impedidos de receber o sacramento do altar. Jesus Cristo, presente sob a aparência do pão e do vinho, a cabeça do nosso corpo, está separado de nós. E a separação de um membro provoca dor. Dessa maneira, convém unirmos a ele a nossa dor na separação. Contudo, não estamos totalmente separados da própria Eucaristia – que é ação de graças – e da vida eucarística – que vai muito além da presença na Missa:
O sacerdote ministerial, pelo poder sagrado de que goza, forma e rege o povo sacerdotal, realiza o sacrifício eucarístico na pessoa de Cristo e O oferece a Deus em nome de todo o povo. Os fiéis, no entanto, em virtude de seu sacerdócio régio, concorrem na oblação da Eucaristia e o exercem na recepção dos sacramentos, na oração e ação de graças, no testemunho de uma vida santa, na abnegação e na caridade ativa. (Constituição dogmática Lumen Gentium, n. 10)
Se não podemos exercer nosso sacerdócio régio na recepção dos sacramentos, então nos esforcemos “na oração e ação de graças, no testemunho de uma vida santa, na abnegação e na caridade ativa”.
Hoje foram suspensas as missas na capital federal. Para preservar vidas, é necessário isolar-se fisicamente, mas não espiritualmente. A liturgia (λειτουργια: serviço público) é serviço divino para o povo – Deus serve o povo na cruz. Deus se serve ao povo na cruz.
A liturgia de que participamos é essa, que nasce da cruz. Nossa cruz, hoje, além da ansiedade e da doença, é o isolamento – vivê-lo em santidade é também unir-se a Jesus Cristo crucificado.
Há pouco mais de dois mil anos, uma estrela brilhou no Oriente. Era Deus chamando os povos para conhecê-lo. Do planalto do Irã saíram alguns sábios para adorá-lo. Com ouro, incenso e mirra, nos indicaram nosso Rei, Deus e Salvador.
Que Ocidente e Oriente se encontrem para adorar o Senhor e realizar a paz!
Basílica de São João do Latrão, em Roma. É a catedral da cidade e sede do papa. Foto: Martin Falbisoner via Wikimedia.
Hoje é dia de celebrar a mãe e cabeça de todas as igrejas, a catedral de Roma, a sede do papa! Trata-se da Basílica de São João do Latrão, dedicada a São João Evangelista e a São João Batista, onde fica a cátedra de São Pedro, e junto à qual se encontra a Escada Santa, que Jesus subiu para ser julgado, e que Santa Helena, mãe de Constantino, mandou transportar de Jerusalém para Roma.
DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DO LATRÃO Festa
Segundo uma tradição que remonta ao século XII, celebra-se neste dia o aniversário da dedicação da basílica do Latrão, construída pelo imperador Constantino. Inicialmente foi uma festa exclusivamente da cidade de Roma; mais tarde, estendeu-se à Igreja de Rito romano, com o fim de honrar a basílica que é chamada “mãe e cabeça de todas as igrejas da Urbe e do Orbe e como sinal de amor e unidade para com a Cátedra de Pedro que, como escreveu Santo Inácio de Antioquia, “preside a assembleia universal da caridade”.
Hino
Do Pai eterno talhado,
Jesus, à terra baixado
tornou-se pedra angular;
na qual o povo escolhido
e o das nações convertido
vão afinal se encontrar.
Eis que a Deus é consagrada
para ser sua morada
triunfal Jerusalém,
onde em louvor ao Deus trino
sobem dos homens o hino,
os Aleluias e o Amém.
No vosso altar reluzente
permanecei Deus, presente,
sempre a escutar nossa voz;
acolhei todo pedido,
acalmai todo gemido
dos que recorrem a vós.
Sejamos nós pedras vivas,
umas das outras cativas,
que ninguém possa abalar;
com vossos santos um dia,
a exultar de alegria
no céu possamos reinar.
Leitura breve Is 56,7
Eu os conduzirei ao meu santo monte e os alegrarei em minha casa de oração; aceitarei com agrado em meu altar seus holocaustos e vítimas, pois minha casa será chamada casa de oração para todos os povos.
Preces
Como pedras vivas, edificadas sobre Cristo, pedra angular, peçamos cheios de fé a Deus Pai todo-poderoso em favor de sua amada Igreja; e digamos: R. Esta é a casa de Deus e a porta do céu!
Pai do céu, que sois o agricultor da vinha que Cristo plantou na terra, purificai, guardai e fazei crescer a vossa Igreja,
– para que, sob o vosso olhar, ela se espalhe por toda a terra. R.
Pastor eterno, protegei e aumentai o vosso rebanho,
– para que todas as ovelhas se congreguem na unidade, sob um só pastor, Jesus Cristo, vosso Filho. R.
Semeador providente, semeai a palavra em vosso campo,
– para que dê frutos abundantes para a vida eterna. R.
Sábio construtor, santificai a Igreja, vossa casa e vossa família,
– para que ela apareça no mundo como cidade celeste, Jerusalém nova e Esposa sem mancha. R.
Oração
Ó Deus, que edificais o vosso templo eterno com pedras vivas e escolhidas, infundi na vossa Igreja o Espírito que lhe destes, para que o vosso povo cresça sempre mais construindo a Jerusalém celeste. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
Pela misericórdia de Deus, eu vos exorto, irmãos, a vos oferecerdes em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: Este é o vosso culto espiritual. Não vos conformeis com o mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e de julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, isto é, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito.