Domingo de Ramos: fé na vitória, perseverança mesmo nos sofrimentos

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Hoje iniciamos a semana santa. Na meditação do mistério da paixão e morte do Filho de Deus podemos encontrar o exemplo e a força daquele que sofre por ser justo e fiel. Daquele que é odiado por fazer a vontade do Pai celeste. Em um mundo em que tantas forças se misturam para fazer o mal, seja na Ásia, na África, e até mesmo no Brasil, onde o ódio vem se infiltrando na política, coloquemos em Jesus Cristo nossa esperança, para que, morrendo com ele para o mundo, ressuscitemos com ele para a vida eterna! Amém.

Lembremo-nos de Jesus Cristo, que disse “Eu vim para servir” (Mc 10,45), enquanto refletimos sobre trechos da oração do meio-dia no Domingo de Ramos:

Oração do meio-dia no Domingo de Ramos (trechos)

Hino:

Todo o mundo fiel rejubile
na alegria de tal salvação:
destruindo a potência da morte,
Jesus Cristo nos traz redenção

De oliveira com ramos e palmas,
todo o povo, com voz triunfal,
canta hosanas ao Rei de Israel,
de Davi descendente real.

Nós também, acorrendo ao encontro
de tal Rei, com hosanas de glória,
seguremos na mão nossas palmas
de alegria e de fé na vitória.

Por seus dons, nos caminhos da vida,
nos conduza e defenda o Senhor.E possamos, em todos os tempos,
tributar-lhe o devido louvor.

Glória ao Pai e a Jesus, Filho único,
Deus de Deus, Luz da Luz, Sumo Bem,
com o Espírito, o Amor que consola,
pelos séculos dos séculos. Amém.

Leitura breve:

Alegrai-vos por participar dos sofrimentos de Cristo, para que possais também exultar de alegria na revelação da sua glória. Se sofreis injúrias por causa do nome de Cristo, sois felizes, pois o Espírito da glória, o Espírito de Deus repousa sobre vós. (1Pd 4,13s)

Oração:

Deus eterno e todo-poderoso, para dar aos seres humanos um exemplo de humildade, quisestes que o nosso Salvador se fizesse homem e morresse na cruz. Concedei-nos aprender o ensinamento de sua Paixão e ressuscitar com ele em sua glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

São Leandro de Sevilha

São Leandro de Sevilha

Hoje, 13 de março, comemora-se a memória de São Leandro, arcebispo de Sevilha. Irmão dos também santos Fulgêncio, Florentina e Isidoro (do qual foi preceptor), foi primeiro monge e depois bispo metropolitano da Bética (região sul da Hispânia, abrangendo parte das atuais Andaluzia e Extremadura).

Segundo santo Isidoro, Leandro “era homem de condição pacífica, de extraordinária inteligência e de preclaríssima moralidade e doutrina. A conversão dos visigodos, da heresia ariana à fé católica, foi fruto de sua constância e prudência. Antes havia sofrido o desterro, e aproveitou esse tempo para redigir dois volumes contra os arianos e uma exortação, a sua irmã Florentina, sobre a vida consagrada e o desprezo do mundo.

“Trabalhou assiduamente na restauração litúrgica, fixou o saltério e compôs sentidas melodias para a santa missa, laudes e salmos. Escreveu várias cartas ao papa Gregório [Magno], a seu próprio irmão e a vários prelados.” Leandro presidiu o III Concílio de Toledo, no qual foi reconquistada a unidade da Igreja na Hispânia. Teve papel importante na inclusão da cláusula Filioque na variante hispânica do credo niceno-constantinopolitano (“creio no Espírito Santo […] que procede do Pai e do Filho”), depois adotada na liturgia romana.

Oração: Ó Deus, que por meio de teu bispo são Leandro mantiveste em tua Igreja a integridade da fé, concede a teu povo permanecer sempre livre de todos os erros. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Cuidado com as doutrinas vãs

Hoje rezei o ofício das leituras, e Deus me brindou com textos muito espirituais e muito atuais. Vejam só:

O salmo lido foi o 102, que em seu versículo 6 diz: “O Senhor realiza obras de justiça e garante o direito aos oprimidos”.

A primeira leitura foi do livro do profeta Daniel (5,1-2.5-9.13-17.25-6,1). Trata da profecia contra o rei Baltasar da Babilônia. Este ofereceu um grande banquete aos dignatários de sua corte, com muito vinho. “Já embriagado, Baltasar mandou trazer os vasos [sagrados] de ouro e prata, que seu pai Nabucodonosor tinha tirado do templo de Jerusalém, para beberem deles o rei e os grandes do reino, suas mulheres e concubinas.” Foi então que apareceram dedos que escreveram uma expressão enigmática na parede do palácio. Os sábios da Babilônia não conseguiam compreender. Os magos, caldeus, astrólogos: todos foram chamados, mas não conseguiram decifrar. Então levaram até o rei o profeta Daniel, levado cativo de Judá. Rejeitando os favores do rei, decifrou o enigma: “Deus contou os dias de teu reinado e deu-o por concluído; foste pesado na balança, e achado com menos peso; teu reino foi dividido e entregue aos medos e persas”, que habitavam o planalto do Irã. Nessa mesma noite, Baltasar foi assassinado, e Dario, o medo, assumiu o poder sobre a Babilônia. Assim, Judá ficou livre do cativeiro babilônico por obra de Deus, que se valeu dos poderes mundanos e da embriaguez dos que se entregam ao pecado.

“Em sua mão o Senhor Deus tem uma taça com um vinho de mistura inebriante; todos os ímpios sobre a terra hão de bebê-lo. Quem à besta e sua imagem adorar, beberá o vinho da cólera de Deus” (Sl 74,6.8s; Ap. 14,9s), dizia o responsório à primeira leitura.

A segunda leitura foi extraída de um autor do século II. Dizia que “se nos esforçarmos por viver bem, a paz nos acompanhará. Por essa razão, não podem encontrá-la os homens que, presa de temores humanos, preferem o prazer presente à promessa futura. Ignoram quanto tormento traz consigo a volúpia deste mundo e que delícias encerra a promessa do futuro.” É o que fazem aqueles que abandonam a caridade e a verdade em nome da defesa de uma candidatura derrotada. Fazem para si ídolos chamados propriedade e Estado mínimo. A propriedade, porém, quando mal utilizada (pelo latifúndio, por exemplo) somente aprofunda as contradições sociais e a miséria. “Isto torna-se evidente no persistente fenômeno da apropriação indevida e da concentração da terra […]. Tal estado de coisas é muitas vezes uma das causas mais importantes de situações de fome e miséria e representa uma negação concreta do princípio, derivado da origem comum e fraternidade em Deus (cf. Ef 4,6), que todos os seres humanos nasceram iguais em dignidade e direitos.” (Para uma melhor distribuição da terra: o desafio da reforma agrária, n. 1)

Já o outro ídolo, o Estado mínimo, que não garante nem a justiça, nem o direito dos oprimidos (v. Sl 102,6 acima), tem sua origem no liberalismo, que prega a anomia, isto é, a falta de regras, o que é contrário a toda doutrina da Igreja. O liberalismo vai contra a verdade, o direito e a justiça. O liberalismo vai contra Deus ao atacar o princípio de que o Senhor criou um mundo com ordem e com fartura para todos, mas que o pecado corrompeu. O liberalismo não quer ordem, nem justiça, ao contrário de Deus, que “protege o estrangeiro”, “ampara a viúva e o órfão”, e “confunde o caminho dos maus” (Sl 145,9). Os que hoje pregam o golpe militar chegam a chamar médicos estrangeiros de “submédicos” (como fez um procurador da República em e-mail para mim), e também defendem o fim dos programas de assistência social, inclusive o bolsa-família, que ampara os que não têm amparo. E poderíamos ainda falar de quantas vezes atacam a verdade…

Continuemos, porém, a leitura:

Esperemos, então, a cada momento, na caridade e na justiça, o reino de Deus, apesar de não conhecermos o dia da chegada de Deus.

Vamos, irmãos, façamos penitência, convertamo-nos para o bem; porque estamos cheios de insensatez e de maldade. Lavemo-nos dos pecados passados e mudando profundamente o nosso modo de pensar seremos salvos. Não sejamos aduladores, nem procuremos agradar somente aos irmãos, mas também aos de fora, por amor da justiça, para que o Nome não seja blasfemado por nossa causa (cf. Rm 2,24).

E isso me diz que não podemos ser aduladores dos poderosos deste mundo, especialmente dos que não praticam a caridade e a justiça. Também me diz que não devemos ofender os que pensam diferente de nós, nem os que não crêem no mesmo Deus que nós. A quem poderíamos julgar, sem conhecer profundamente as razões para sua incredulidade? Será que não fomos nós mesmos que a provocamos, ao dizer que essa ou aquela doutrina, mesmo buscando a verdade e a caridade, seria anticristã? Procuremos o diálogo e o encontro, acolhamos a todos para que sejamos também ouvidos. Falo de um exemplo muito concreto: quantos não erigiram outro ídolo, o anticomunismo? Quantos, em nome desse ídolo, não aceitaram ou praticaram todo tipo de barbárie, como a tortura e o assassinato, inclusive de sacerdotes? Lembremo-nos de que temos muito em comum com os comunistas e outros que buscam uma sociedade melhor. Lembremo-nos, especialmente, de que “quem procura a verdade, consciente ou inconscientemente, procura a Deus” (Santa Edith Stein).

Dia mundial de oração pela paz no Iraque

Se ontem a Primeira Guerra Mundial completou 100 anos de deflagração, hoje a Europa vive um incomum cenário de guerra civil na Ucrânia. A falta de entendimento e cooperação entre a União Européia e a Rússia, que revivem um cenário de “guerra fria”, apoiando cada um um dos lados em disputa, provoca um sangrento conflito, que pode ter ocasionado até mesmo a morte dos ocupantes do avião da Malasian Airlines que recentemente caiu na região Donetsk, talvez abatido pelos rebeldes. É o retrato de um mundo violento, cujo príncipe, já derrotado por Jesus Cristo, em seus estertores provoca morte e destruição.

Ao mesmo tempo vemos o conflito entre Israel e Hamas em Gaza, na estreita faixa que nem mesmo nos tempos antigos os filhos de Jacó conseguiram verdadeiramente dominar. Na Líbia, na Síria, no Líbano, no Iraque, a mal-chamada “primavera árabe” provoca conflitos aparentemente intermináveis. Em todos esses lugares, a população sofre, e sobremaneira, os cristãos. Em Mosul, especialmente, a antiga Nínive, os cristãos foram expulsos da cidade ou assassinados, por se negarem a abandonar a fé. A culpa recai sobre um grupo jihadista originado na Síria, e que tenta constituir um estado islâmico sunita na região, um novo califado. As mesquitas xiitas também são alvo de ataque, inclusive a que foi construída sobre um antigo mosteiro no qual se encontrava o túmulo do profeta Jonas.

Por tudo isso, a Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) e o patriarca caldeu no Iraque chamam a Igreja e todas as pessoas, no mundo todo, a rezar amanhã, dia 6 de agosto, pela paz no Iraque. É a terra de nossos pais na fé, Abraão, Isaac e Jacó. É a festa da Transfiguração, e todos nós somos chamados a nos transfigurarmos em Jesus Cristo, que nos deixou a paz (Jo 14,17), paz que devemos semear por toda a criação. Para isso, o patriarca nos deixou uma oração:

Senhor,
a situação do nosso país
é crítica e o sofrimento dos cristãos
é pesado e nos assusta,
é por isso que Te pedimos, Senhor
para salvar as nossas vidas,
concede-nos paciência e coragem
para que possamos continuar a testemunhar
nossos valores cristãos com confiança e esperança.
Senhor, a paz é o fundamento de toda a vida;
Dá-nos paz e estabilidade
para que possamos viver uns com os outros sem medo,
sem ansiedade, com dignidade e alegria.
Glória a Ti para sempre.

Enquanto isso, devemo-nos lembrar das palavras de Jesus, e fortalecermo-nos nelas:

Expulsar-vos-ão das sinagogas, e virá a hora em que todo aquele que vos tirar a vida julgará prestar culto a Deus. Entretanto, digo-vos a verdade: convém a vós que eu vá! Porque, se eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se eu for, vo-lo enviarei. E, quando ele vier, convencerá o mundo a respeito do pecado, da justiça e do juízo. Convencerá o mundo a respeito do pecado, que consiste em não crer em mim. Ele o convencerá a respeito da justiça, porque eu me vou para junto do meu Pai e vós já não me vereis; ele o convencerá a respeito do juízo, que consiste em que o príncipe deste mundo já está julgado e condenado. Referi-vos essas coisas para que tenhais a paz em mim. No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo. (Jo 16,2.7-11.33)

Oração pelas vítimas das chuvas no Paraná e em Santa Catarina

Estou consternado desde que soube das chuvas que assolaram grande parte do Paraná e também de Santa Catarina. São estados que conheço, e no Paraná nasci, cresci e vivi até recentemente. Vejo as notícias, muitas vezes sobre cidades que conheço pessoalmente, e meu coração está com aquelas pessoas que sofrem os efeitos das chuvas. Deixo aqui publicamente o meu pedido a Deus para que sua eterna Misericórdia, que perpassa e santifica todo sofrimento humano, esteja com essas pessoas, e que seu Espírito as console e fortaleça nas dificuldades. Amém.

Evento de Pencostes 2014

O evento criado no Facebook é um convite para que todos santifiquemos não apenas o próximo domingo, quando celebraremos a vinda do Espírito Santo, mas toda ação humana nesse dia. É um convite para que rezemos, agradeçamos e louvemos a Deus por meio da liturgia das horas, conforme o livreto que publico aqui (disponível abaixo em vários formatos). De manhã cedo, dia 8 de junho de 2014, façamos esse grande evento espiritual: a oração da manhã, chamada laudes.

Laudes de Pentecostes (capa)
Capa do livreto contendo as laudes do domingo de Pentecostes
Baixe o livreto com as laudes de Pentecostes:

São José Operário

Hoje, dia do trabalho, é dia de refletir sobre o mistério do homem participando da criação de Deus. É nesse dia que celebramos a memória de S. José, esposo da Virgem Maria, sob o aspecto do trabalhador. Interessante refletir sobre o hino das laudes:

Anuncia a aurora do dia,
chama todos ao trabalho;
como outrora em Nazaré,
já se escutam serra e malho.

Salve, ó chefe de família!
Que mistério tão profundo
ver que ensinas teu ofício
a quem fez e salva o mundo!

Habitando agora o alto
com a Esposa e o Salvador,
vem e assiste aqui na terra
todo pobre e sofredor!

Ganhe o pobre um bom salário,
e feliz seja em seu lar;
gozem todos de saúde
com modéstia e bem-estar.

São José, roga por nós
à Trindade que é um só Deus;
encaminha os nossos passos,
guia a todos para os céus.

Quando Deus criou o mundo, disse ao homem: “Frutificai – disse ele – e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra.” (Gn 1,28b-c) Aliás, “o Senhor Deus tomou o homem e o colocou no jardim do Éden, para cultivar o solo e o guardar.” (Gn 2,15) Sem o homem, a terra seria vazia e estéril (Gn 2,5). Quando, porém, o homem e a mulher pecaram, o trabalho, que deveria ser participação alegre e suave na obra divina, se tornou penoso, e o objeto do trabalho, como que um inimigo diante do homem (Gn 3,17-19).

O trabalho, pois, deve ser digna participação na obra divina, e tudo aquilo que o torna penoso é participação no pecado. A importância do trabalho é tamanha que o próprio Deus quis se tornar um trabalhador. Os governos e empregadores devem se esforçar ao máximo para que os trabalhadores tenham dignas condições de vida e de trabalho, e os trabalhadores devem procurar tais condições com alegria e altivez, pois tomam parte da obra de Deus. Neste ano de eleições, esse é um dos aspectos que devemos considerar ao escolher nossos candidatos, ao lado da defesa da vida, do nascituro, da infância, do meio ambiente, da dignidade da condição humana em geral, assim como da liberdade de consciência e de religião, para que possamos sempre professar nossa fé com liberdade e em público.

Para finalizar, deixo aqui as preces e a oração do dia (chamada coleta) para as laudes de hoje:

Oremos humildemente ao Senhor, de quem procede toda perfeição e santidade dos justos; e digamos:
R. Santificai-nos Senhor, segundo a vossa justiça!
Senhor Deus, que chamastes os nossos pais na fé para caminharem na vossa presença com um coração perfeito, fazei que, seguindo os seus passos, alcancemos a perfeição de acordo com a vossa vontade.
R. Santificai-nos Senhor, segundo a vossa justiça!
Vós, que escolhestes São José, homem justo, para cuidar de vosso Filho na infância e juventude, fazei que sirvamos em nossos irmãos e irmãs o Corpo místico de Cristo.
R. Santificai-nos Senhor, segundo a vossa justiça!
Vós, que destes a terra aos seres humanos para que a povoassem e dominassem, ensinai-nos a trabalhar corajosamente neste mundo, buscando sempre a vossa glória.
R. Santificai-nos Senhor, segundo a vossa justiça!
Pai de todos nós, lembrai-vos da obra de vossas mãos, e dai a todos trabalho e condições de vida digna.
R. Santificai-nos Senhor, segundo a vossa justiça!

E agora, obedientes à vontade de nosso Senhor Jesus Cristo,ousamos dizer:
Pai nosso que estais nos céus,
santificado seja o vosso nome;
venha a nós o vosso reino,
seja feita a vossa vontade,
assim na terra como no céu;
o pão nosso de cada dia nos dai hoje;
perdoai-nos as nossas ofensas,
assim como nós perdoamos
a quem nos tem ofendido,
e não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do mal.

Oremos:
Ó Deus, criador do universo, que destes aos homens a lei do trabalho, concedei-nos, pelo exemplo e a proteção de São José, cumprir as nossas tarefas e alcançar os prêmios prometidos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Jesus Cristo, Rei do Universo

Hoje, domingo da 34.ª semana do tempo comum, último domingo antes do advento, comemoramos Jesus Cristo, Rei do Universo. É o encerramento do ano litúrgico, que se iniciou com a espera da vinda do Filho do Homem, seu nascimento, sua adoração por todas as nações e pelos anjos, que passou por seu ministério, sua paixão, morte e ressurreição, com que foi tragada a morte para longe de nós, de forma que com ele hoje vivemos e comemoramos e pedimos que venha o seu reinado. Vejamos algumas palavras de Orígenes, presbítero do século III, a esse respeito, conforme a Liturgia das Horas para hoje:

O Reino de Deus, conforme as palavras de nosso Senhor e Salvador, não vem visivelmente, nem se dirá: Ei-lo aqui ou ei-lo ali; mas o reino de Deus está dentro de nós (cf. Lc 17,21), pois a palavra está muito próxima de nossa boca e em nosso coração (cf. Rm 10,8). Donde se segue, sem dúvida nenhuma, que quem reza pedindo a vinda do reino de Deus pede – justamente por já ter em si um início deste reino – que ele desponte, dê frutos e chegue à perfeição.

Pois Deus reina em todo o santo e quem é santo obedece às leis espirituais de Deus, que nele habita como em cidade bem administrada. Nele está presente o Pai e, junto com o Pai, reina Cristo na pessoa perfeita, segundo suas palavras: Viremos a ele e nele faremos nossa morada (Jo 14,23).

Então o reino de Deus, que já está em nós, chegará por nosso contínuo adiantamento à plenitude, quando se completar o que foi dito pelo Apóstolo: sujeitados todos os inimigos, Cristo entregará o reino a Deus e Pai, a fim de que Deus seja tudo em todos (cf. 1Cor 15,24.28). Por isto, rezemos sem cessar, com aquele amor que pelo Verbo se faz divino; e digamos a nosso Pai que está nos céus: Santificado seja teu nome, venha o teu reino (Mt 6,9-10).

Pedindo a Deus que seu reino se faça presente em nós desde já e eternamente, oremos:

Vinde Espírito Santo, enchei os corações de vosso fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado.
R. E renovareis a face da terra.
Oremos: ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas, segundo o mesmo Espírito, e gozemos sempre da sua consolação. Por Cristo, Senhor nosso. Amém.

Quarta-feira de cinzas

Hoje se inicia o tempo da quaresma. A cor roxa nos paramentos litúrgicos nos convida à conversão. O jejum que fazemos hoje (alimentar-se apenas uma vez, ou mesmo comer moderadamente em três refeições, para aqueles que podem) nos faz lembrar a fraqueza de nossa condição pecadora, para que depositemos em Deus nossa confiança. Esse é também o tempo em que os antigos faziam a catequese dos que postulavam ao batismo e, quando se encerra esse tempo, ao celebrarmos a ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo na vigília pascal, ainda hoje se batizam os adultos. É tempo de conversão, de voltar-se para Deus, de meditar sobre a vitória de Jesus Cristo sobre a tentação e o pecado, para em seguida celebrarmos a nova vida na ressurreição do Cristo, aquele que detém as chaves para nos libertar da morte.

Deixo-vos as preces de hoje nas laudes, o ofício da Liturgia das Horas celebrado no início do dia, que bem resumem esse tempo:

Demos graças a Deus Pai, que nos concede o dom de iniciar hoje o tempo quaresmal. Supliquemos que durante estes dias de salvação ele purifique e confirme os nossos corações na caridade, pela vinda e ação do Espírito Santo. Digamos, pois, cheios de confiança:
R. Dai-nos, Senhor, o vosso Espírito Santo!

Ensinai-nos a saciar o nosso espírito, com toda palavra que brota de vossos lábios.
R. Dai-nos, Senhor, o vosso Espírito Santo!

Fazei que pratiquemos a caridade, não apenas nas grandes ocasiões, mas principalmente no cotidiano de nossas vidas.
R. Dai-nos, Senhor, o vosso Espírito Santo!

Concedei que saibamos renunciar ao supérfluo, para podermos socorrer os nossos irmãos necessitados.
R. Dai-nos, Senhor, o vosso Espírito Santo!

Dai-nos trazer sempre em nosso corpo os sinais da Paixão de vosso Filho, vós que nos destes a vida em seu corpo.
R. Dai-nos, Senhor, o vosso Espírito Santo!

(Intenções livres)

Pai nosso que estais nos céus,
santificado seja o vosso nome;
venha a nós o vosso reino,
seja feita a vossa vontade,
assim na terra como no céu;
o pão nosso de cada dia nos dai hoje;
perdoai-nos as nossas ofensas,
assim como nós perdoamos
a quem nos tem ofendido,
e não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do mal.

Concedei-nos, ó Deus todo-poderoso, iniciar com este dia de jejum o tempo da Quaresma, para que a penitência nos fortaleça no combate contra o espírito do mal. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Amém!

Pelos migrantes – intenção geral do papa para fevereiro

Para que as famílias de migrantes sejam amparadas e acompanhadas em suas dificuldades, sobretudo as mães.

Quem quer que tenha vivido a grande distância de sua terra sabe as dificuldades para se adaptar a uma nova cultura, um novo clima, e mesmo a uma nova paisagem. São grandes as saudades dos que ficaram, e grande é a vontade de voltar. Muitos vão à procura de emprego, outros vão estudar, e ainda outros fogem de situações calamitosas em seus locais de origem.

A Igreja não é indiferente a isso. Aliás, não foram poucos os santos – inclusive entre os Padres da Igreja – que viveram exilados ou saíram de suas terras em busca de algo melhor. No próximo dia 8, por exemplo, comemora-se Santa Josefina Bakhita, primeiro feita escrava, mas que, tendo recebido a liberdade legal, resolveu emigrar junto de seus patrões, quando estes retornaram para a Itália. Lá, conheceu a liberdade integral, que Deus lhe concedeu.

Outro caso famoso, é o de Santo Agostinho. O então futuro bispo de Hipona foi à Itália em busca da Verdade. Na época, apesar das constantes preces de sua mãe, Santa Mônica, ele era adepto da heresia dos maniqueus, que imaginavam um princípio bom (Deus) das coisas espirituais, e um princípio mal (demônio) das coisas materiais. Como sua alma não se aquietava, viajou à procura de Deus, chegando a Milão, onde encontrou Santo Ambrósio. Convertido, foi batizado pelo bispo milanês, junto com seu filho e alguns amigos, começando então a viagem de regresso a sua terra. Santa Mônica, que sonhava retornar à África antes de morrer, tendo então a paz em sua alma, pois seu filho se convertera à fé cristã, aceitou tranquilamente a morte em Óstia, cidade em que fica o porto que serve Roma. Faleceu e foi sepultada na Itália. Agostinho e o filho retornaram à África, onde aquele se tornou bispo, não em sua cidade natal, Tagaste, mas em Hipona.

Porém, somos todos desterrados, somos os “degredados filhos de Eva”, como dizemos na Salve Rainha. Nossa pátria é a Jerusalém Celeste, revelada em seu brilho e glória no final do Apocalipse. Mas, há aqueles que nem o conforto da familiaridade com a cultura e com o ambiente, ou então a proximidade da família e dos amigos têm. Rezemos por nós, mas rezemos especialmente pelos duplamente desterrados: os que não estão nem na Jerusalém Celeste – na glória do Senhor -, nem na terra que têm como sua neste mundo.

Salve Rainha, mãe de misericórdia,
Vida e esperança nossa, salve!
A vós bradamos os degredados filhos de Eva,
A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas.
Eia, pois, advogada nossa!
Os vossos olhos misericordiosos a nós volvei
E depois deste desterro mostrai-nos Jesus,
Bendito fruto do vosso ventre,
Ó clemente, ó piedosa, ó doce, sempre virgem Maria!

Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Amém!