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Resumo diário 28/07/2020

Leia as notícias mais interessantes de hoje:

CNBB lança campanha “amazoniza-te”

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou ontem (27) a campanha Amazoniza-te, que alerta para o desmatamento e para a situação dos povos que vivem na floresta. O ecossistema amazônico, segundo especialistas, corre o risco de sofrer um processo de savanização e de empobrecimento da biodiversidade que não poderá mais ser recuperado.

O presidente da entidade, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, chamou a atenção para o senso de alteridade, de compreender o outro. Segundo ele, hoje se vive “um individualismo exacerbado, fundado num subjetivismo, que é tão grande que tem colocado o indivíduo acima de tudo, inclusive passando por cima do outro, passando por cima das instituições”. Ele chamou a atenção para a necessidade de “aprendermos a respeitar os povos e as culturas diferentes, a preservar o meio ambiente”. A deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR), que também participou do lançamento, repudiou o veto presidencial à lei nº 14.021/2020, que resultou em desobrigar o governo federal de, por exemplo, fornecer água potável e leitos adequados para o tratamento da COVID-19 entre os indígenas.

A campanha conta com o hotsite amazoniza-te.org, onde se pode ler, por exemplo a “Nota dos Bispos da Amazônia Brasileira Sobre a situação dos povos e da floresta em tempos de pandemia da Covid-19”.

Autoridades cobram explicações sobre ação contra policiais antifascistas

O deputado federal professor Israel Batista (PV-DF) requereu hoje ao Ministério da Justiça e Segurança Pública justificativas sobre ação que teve como alvo policiais antifascistas e professores que são referência para o movimento policial. Também o procurador regional dos direitos do cidadão, Enrico Rodrigues de Freitas solicitou explicações ao ministério. O deputado prof. Israel salientou que documentos ou informações que impliquem violação dos direitos humanos, como o dossiê elaborado pelo Ministério da Justiça, não podem ficar em sigilo, conforme determina a Lei de Acesso à Informação.

Cristãos e yázidis poderão receber ajuda para retornar à planície de Nínive

Cristãos e yázidis que fugiram do Estado Islâmico em 2014 poderão ser ressarcidos pelo governo iraquiano para que possam voltar a seus lares na planície de Nínive. A ministra iraquiana de imigrantes e deslocados internos (a cristã caldeia Evan Faeq Yakoiub Jabro) e o presidente da região autônoma iraquiana do Curdistão (Nechirvan Idris Barzani) se reuniram para tratar da situação dos refugiados, inclusive daqueles que já retornaram a Mossul, onde a situação ainda é tensa devido à presença de diferentes forças armadas, como milícias xiitas e curdas.

(Foto em destaque: muralha em Mossul, antiga Nínive, no Iraque. Dimitar Dilkoff/AFP)

Turquia ataca curdos sírios novamente

Tropas turcas e terroristas da oposição síria na fronteira com a Síria, com artilharia pesada. Foto via Twitter de @SaadEdin_souma.

A Turquia está pronta para invadir novamente a Síria e atacar as forças curdas. A justificativa, como sempre, é o vínculo a grupos curdos que fazem oposição ao regime turco, classificados como terroristas pelos turcos. A operação contará com o apoio dos terroristas sunitas que fazem oposição ao governo sírio.

A operação, anunciada há vários meses, vinha sendo adiada devido à presença de tropas dos Estados Unidos no nordeste da Síria em apoio às forças curdas que combatem o Estado Islâmico. A essas forças se juntaram também grupos cristãos siríacos e assírios a leste do rio Eufrates.

Ontem, contudo, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a retirada das tropas americanas da fronteira. Hoje, militares curdos e americanos acreditam que a operação terá início nas próximas 24 horas. No meio do caminho, há também locais com tropas governamentais na cidade de Qamishli e nas proximidades de Manbij. (Atualização: após as 10h do dia 9, horário de Brasília, foram registrados os primeiros ataques aéreos e de artilharia pela Turquia nessa operação.)

O temor principal é de que os turcos promovam um genocídio contra os curdos e os cristãos na região. Não será a primeira vez. Para quem quiser conhecer o sofrimento que provocam, vale a pena ler o Diário de Myriam, escrito por Myriam Rowick, uma menina cristã de Alepo, cidade Síria que esteve sitiada pelos terroristas. No Brasil, foi publicado pela editora Darkside.

Nova atualização: a frente al-Nusra (braço da al-Qaeda na Síria) divulgou seu apoio à operação turca.

Ataque turco inicia com dificuldade

Como noticiado há uma semana, o ataque da Turquia aos curdos no noroeste da Síria (província de Afrin) finalmente iniciou no sábado (20). Até o momento, porém, as forças turcomanas têm tido dificuldade de adentrar no território sírio. São rebeldes turcomanos islamitas do chamado Exército Livre Sírio (FSA) apoiados pelo exército e pela aviação do governo turco. O motivo alegado pela Turquia é a expulsão de “terroristas” da fronteira turco-síria e o retorno dos refugiados – isto é, sua expulsão do país turcomano.

Rebeldes turcomanos (FSA) celebram butim. (Foto via Twitter – @op_shield)

Os rebeldes do FSA têm noticiado a ocupação de algumas colinas e festejado o butim – munição e armamento tomados dos curdos. Por outro lado, as chamadas Forças Democráticas Sírias (SDF, dominadas pelos curdos e com participação cristã e árabe) têm dito que reconquistaram diversos desses lugares. Os turcomanos ainda tentam abrir novas frentes na fronteira.

Opinião de Visão Católica

A Turquia vem dizendo que a ação encontraria respaldo no direito internacional, mas não houve provocação curda ou síria anterior, não sendo, portanto, resposta a um ataque. Por outro lado o apoio é dado aos mesmos rebeldes turcomanos que mataram um aviador russo após este se ejetar do avião que a Turquia abateu, em absurda violação do direito humanitário. Isso fortalece a posição deles na guerra civil travada na Síria, influindo diretamente na política da nação árabe. Aliás, a ênfase no apoio aos rebeldes turcomanos, aliada ao histórico de repressão aos curdos e de genocídio dos armênios provoca preocupações de que as motivações possam ir muito além da segurança da fronteira e do retorno dos refugiados.

É preciso dizer, claro, que a mera dominação curda não pode substituir a dominação árabe (do governo de Bashar al Assad) ou turcomana. A relação deles com as outras minorias étnico-religiosas, inclusive os cristãos, não é totalmente pacífica. Contudo, as SDF são o único agrupamento que surgiu para autodefesa contra o Estado Islâmico e, mesmo sendo apoiadas pelos Estados Unidos, têm se mostrado abertas ao diálogo e à paz.

Síria: Turquia prestes a atacar curdos

Mobilização turca ao norte da região dominada pelos curdos na Síria. (Foto via Mete Sohtaoğlu)

A situação está prestes a se deteriorar no noroeste da Síria, região hoje dominada pelas Forças Democráticas da Síria (SDF), lideradas pelos curdos. A Turquia vem enviando crescentes quantidades de material bélico, e vem discursando no sentido de criar uma “faixa segura” na fronteira com a Síria, isto é, em expulsar os militantes das Unidades de Proteção Popular curdas (YPG), ligadas ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), proscrito na Turquia.

Noroeste da Síria. Amarelo: SDF; vermelho: governo sírio; verde: ocupação turca e rebeldes apoiados pela Turquia. (Mapa: Live Universal Awaranes Map)

A região em questão é limitada ao norte e ao oeste pela Turquia, e esta já ocupou os limites sul e leste, a pretexto de garantir um acordo de cessar-fogo (no sul) e de expulsar o Estado Islâmico (no leste). Resta apenas uma divisa com o governo sírio a sudeste, único espaço para comunicação e comércio com o resto do país. Essa é a mesma região em que foi derrubado um avião russo que atacava posições de rebeldes turcomanos islamitas em 2015.

Mobilização turca a oeste da Síria. (Foto via Live Universal Awaranes Map)

O Partido Islâmico do Turquestão, aliás, é membro-fundador do Comitê de Libertação do Levante (HTS), antes conhecido como Frente Al Nusra ou Al Qaeda na Síria, que muito recentemente rompeu com a Al Qaeda e prendeu alguns de seus dirigentes. Sob a bandeira das SDF combatem, além dos curdos, grupos árabes e cristãos assírios e siríacos.