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Resumo diário 16/02/2020

Segue o resumo das notícias mais interessantes do dia:

Na Rússia, só papai e mamãe

O presidente russo, Vladimir Putin, apoia a proposta da deputada Olga Batalina, do partido Rússia Unida, de inserir na constituição russa a família natural. Nada de “progenitor 1” e “progenitor 2”, como existe nos documentos de muitos países (inclusive o Brasil).

Ataque a faca durante missa em Moscou

Dois fiéis ficaram feridos após um homem invadir a missa e atacar fiéis na igreja dedicada a São Nicolau na capital russa. O agressor foi detido pelos fiéis até a chegada da polícia. Ainda não se conhece a motivação dele.

Desbaratado grupo terrorista de extrema direita na Alemanha

Na sexta-feira (15), a polícia alemã realizou uma operação para desbaratar uma rede terrorista de extrema direita que contava com um ex-policial entre seus membros. A operação atingiu tanto a parte operacional, quanto de apoio financeiro e logístico da organização.

Caminhoneiros apoiam greve dos petroleiros

A greve dos funcionários da Petrobras contra o desmanche e demissões na empresa, que já dura 16 e atinge 117 unidades da empresa, ganhou apoio da Associação Nacional dos Transportadores Autônomos do Brasil (ANTB). Segundo o presidente da associação de caminhoneiros, o preço dos combustíveis “precisa ser discugtido com toda a sociedade, que é afetada em todos os setores […]. E se nós temos o petróleo e a Petrobras, não é possível mais aceitarmos essa cobrança inadequada na bomba”.

Síria: exército avança a oeste de Alepo

O Exército Árabe da Síria (nome das forças armadas do governo sírio) avançou hoje a leste e norte de Alepo, segunda maior cidade do país, com uma importante comunidade cristã. Quase toda a cidade já havia sido liberada pelo governo com ajuda da Rússia e pelas Forças Democráticas da Síria (que depois entregaram a área ao governo).

Região dos principais combates na Síria. Em verde forte, os territórios liberados hoje pelo governo. Situação às 13h de Brasília.

Ontem, foram abertas novas frentes ao noroeste de Alepo e ao Sul de Idlib. Enquanto isso, o governo da Turquia continua ameaçando um grande ataque contra a Síria se o governo local não parar a guerra contra os terroristas islamitas. O governo turco vem fornecendo blindados, artilharia e mísseis anti-aéreos para os terroristas, o que vem impedindo o uso de helicópteros pelo governo.

(Imagem destacada: petroleiros em greve. Fonte: Federação Única dos Petroleiros.)

Dom Raymundo Damasceno: sim à reforma política, não à ditadura e ao impeachment

O cardeal arcebispo de Aparecida (SP), Dom Raymundo Damasceno Assis, concedeu recente entrevista ao Diário de Pernambuco, na qual esclarece diversas questões, mas especialmente se posiciona em relação às questões políticas levantadas por diferentes setores da sociedade.

A entrevista, publicada dia 23, começa pela reafirmação, pelo cardeal, de que a comunhão para divorciados que contraiam uma segunda união continuará vetada, a menos que obtenham a declaração, em um tribunal eclesiástico, de que a primeira união era nula. “Teremos que ver caso a caso. Certamente, o sínodo [dos bispos sobre a família] não tomará nenhuma decisão de caráter genérico”, declarou.

Sobre a corrupção, o cardeal afirmou:

Corrupção sempre existiu em toda parte. E continuará existindo porque faz parte da pecaminosidade da humanidade, mas isso não justifica aceitá-la. Temos que combatê-la rigorosamente e com muita severidade através dos instrumentos que o estado dispõe: a polícia, o Judiciário, o próprio Congresso Nacional. Nos opomos à corrupção, pois é uma das formas de injustiça, sobretudo no campo social.

Sobre o momento atual, disse que “vivemos uma crise moral e ética, mas as crises não devem ser vistas como momento negativo. Podem ser o momento oportuno para a gestação de algo novo, de renovação, de purificação.” Um caminho de conversão, portanto. E aponta um instrumento fundamental para percorrer esse caminho:

A CNBB, conjuntamente com um grande número de entidades da sociedade civil organizada, elaborou uma proposta de reforma que pessoas estão confundindo como uma proposta do PT e de cunho bolivariano. Nada disso. É uma proposta com o apoio de vários partidos e com ela queremos provocar um debate na sociedade. Como vemos na Lava-Jato, é muito dinheiro que correu e corre nas campanhas eleitorais e que facilita a corrupção.

E ele também esclareceu que são quatro os pontos-chave dessa reforma:

  1. Financiamento público das campanhas (com o impedimento de empresas financiarem as campanhas eleitorais).
  2. Maior representação das mulheres, que são a maioria do eleitorado, mas com pouca representatividade nos cargos públicos.
  3. Regulamentação dos instrumentos constitucionais de democracia direta (plebiscito, referendo e projetos de lei de iniciativa popular).
  4. Votação em dois turnos para deputados e vereadores. “Primeiro, a votação no partido e no projeto. Depois, nos candidatos, apresentados em lista pelos partidos.”

Cabe lembrar que hoje o eleitor vota no candidato a vereador ou deputado, mas o voto é computado para o partido ou coligação.

Também a questão de que alguns grupos promovem um golpe militar foi abordada. Dom Raymundo foi taxativo: “É preferível a pior democracia à melhor das ditaduras. […] Não queremos ditadura nem golpe militar.” E prosseguiu:

Creio que isso não está em questão nem para os militares nem para a maioria da sociedade. Quem fez essa experiência não quer repetir. E para o impeachment não há motivo e fundamento, como afirmou o Supremo Tribunal Federal. Não há motivo para que seja iniciado um processo de impeachment. Por enquanto, a presidente está exercendo o mandato e parece não haver nenhum fato que a comprometa do ponto de vista ético e moral. Nesse momento é fundamental o diálogo.

Ao final, foi abordada a campanha da fraternidade 2015, que traz o lema “Eu vim para servir” (Mc 10,45). “A missão da Igreja é servir, a exemplo de Jesus Cristo”, disse ele. E prosseguiu: “E esse serviço deve ser prestado pelo leigo porque ele é a presença da Igreja no coração do mundo. Ele deve fazer da sua profissão, do seu trabalho um serviço aos outros. E mais ainda na política. O papa Paulo VI dizia que a política é uma das formas mais sublimes da caridade.”

(Clique aqui para ler a entrevista completa. Foto de destaque: Wilson Dias/ABr)