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Começa ofensiva contra capital do Estado Islâmico

Forças especiais americanas na batalha por Raca, na Síria. (Foto: isis.liveuamap.com)
Forças especiais americanas na batalha por Raca, na Síria. (Foto: isis.liveuamap.com)

Após dois anos de proclamação do califado do Estado Islâmico (EI), profundamente contestado pelos próprios muçulmanos sunitas, que dizem liderar, o Estado Islâmico se vê na defensiva nas duas principais cidades que controla: Mossul (antiga Nínive, onde atuou o profeta Jonas) e Raca. A primeira ofensiva, pelo controle de Mossul, e que já dura semanas, visa a retomar o controle da maior cidade do califado pelo governo iraquiano com ajuda de forças internacionais, milícias xiitas e curdas. Na segunda ofensiva, iniciada há horas, participam apenas forças da oposição síria e da autoproclamada “coalizão” liderada pelos EUA. Enquanto isso, as forças armadas sírias avançam na província de Homs.

Civis que fugiam para o sul foram alvo do Estado Islâmico na batalha por Mossul. (Foto: isis.liveuamap.com)
Civis que fugiam para o sul foram alvo do Estado Islâmico na batalha por Mossul. (Foto: isis.liveuamap.com)

No centro das batalhas, como sempre, estão os civis. Em Mossul, os que fugiam da batalha foram ontem alvo de um atentado terrorista do EI, que deixou dezenas de vítimas. Eles rumavam para o sul, em direção ao território já conquistado pelas forças do governo iraquiano.

Forças iraquianas (território em vermelho) avançam sobre Mossul com apoio dos curdos (em amarelo), xiitas e forças internacionais. (Fonte: isis.liveuamap.com)
Forças iraquianas (território em vermelho) avançam sobre Mossul com apoio dos curdos (em amarelo), xiitas e forças internacionais. (Fonte: isis.liveuamap.com)

O controle territorial é fundamental para o conceito islâmico de califado. Conquistadas as duas cidades, o EI perderá sua capital e sua maior cidade, justamente o local onde o califado foi proclamado. Se as vitórias de 2014 ajudaram a recrutar estrangeiros para sua guerra, o EI se vê agora enfrentando sucessivas derrotas, na eminência de perder o controle sobre suas maiores glórias: a capital de onde administra seu território e sua maior conquista militar, símbolo de seu antigo poderio. Há tempos o califado foi derrotado também em Dabiq, cidade simbólica para sua ideologia, que busca levar à “batalha final”, que segundo testemunhas Maomé teria predito que aconteceria naquele lugar antes do fim dos tempos.

Helicópteros do governo sírio fotografados pelo Estado Islâmico na província de Homs. (Foto: isis.liveuamap.com)
Helicópteros do governo sírio fotografados pelo Estado Islâmico na província de Homs. (Foto: isis.liveuamap.com)

Guerra no Oriente Médio recrudesce

A guerra no Oriente Médio (especialmente na Síria) tem recrudescido. No início deste mês, com o início de uma ofensiva do governo sírio para tomar a cidade de Alepo, dezenas de milhares de habitantes fugiram rumo à Turquia, encontrando a fronteira fechada pelos turcos. Um pouco antes, haviam fracassado as negociações de paz, diante da recusa de participação pelos rebeldes. No último sábado (13), doze picapes armadas com metralhadoras pesadas entraram na Síria a partir da Turquia, em uma operação para entrega de suprimentos aos rebeldes – a Síria denunciou a presença de militares turcos, o que foi negado pela Turquia. Também Turquia e Rússia trocam acusações mútuas desde a derrubada de um avião russo que atacava rebeldes na Síria. A região onde o avião foi abatido é povoada por população turcomana, que a Turquia diz estar sendo massacrada (e ameaça agir). No dia 15, mais um hospital da organização Médicos Sem Fronteiras foi bombardeado. As forças envolvidas na guerra trocam acusações entre si (EUA acusam a Rússia e a Síria, que acusam os EUA). No mesmo dia, aviões turcos invadiram o espaço aéreo grego sobre o mar Egeu, perto de ilhas cuja soberania é disputada entre os dois países. Desde julho de 2015, a Turquia vem bombardeando as forças curdas, que combatem com sucesso o Estado Islâmico, com a desculpa de combater terroristas após atentados que vitimaram a população curda e seus aliados internos na Turquia. Os bombardeios foram intensificados desde o sábado (13) – e, na reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas da segunda-feira (15), a Turquia foi fortemente criticada pela Rússia, pelo Chipre e pela Síria. Na reunião do dia seguinte (terça, 16), a Turquia foi instada a retirar suas tropas do território iraquiano, “cuja presença mina a soberania do Iraque”. Essa atuação turca contra os curdos, assim como a facilidade que os rebeldes (inclusive o Estado Islâmico) têm para cruzar a fronteira turca com armamentos e tropas leva facilmente à conclusão de que, no fim das contas, a Turquia (sede do último califado) apóia o Estado Islâmico (que proclamou um novo califado). No Iêmen, 14 militares foram mortos por um suicida do Estado Islâmico ontem (17). A situação iemenita, em que Arábia Saudita e Irã, como expoentes do sunismo e do xiismo, se confrontam, contando ainda com a presença da Al Qaeda e do Estado Islâmico, também foi alvo de discussão no conselho de segurança no dia 16. Em Ancara, capital turca, ao menos 5 pessoas morreram e 10 ficaram feridas ontem (17) em uma explosão que teria como alvo instalações militares.

Na Síria, embora nenhum lado possa se declarar inocente de crimes contra a humanidade, chama a atenção a declaração do vigário apostólico de Alepo dos Latinos, dom Georges Abou Khazen, alertando sobre a “‘frente moderada’, que, por ser considerada ‘moderada’, é protegida, defendida e armada [pelos EUA e aliados]. Na realidade, eles não são diferentes em nada dos outros jihadistas [Estado Islâmico e Frente Al Nusra], a não ser no nome”.

Opinião de Visão Católica

Esse extenso relatório demonstra o acerto do papa Francisco e do patriarca Kiril em sua preocupação com a possibilidade de o conflito se tornar uma nova guerra mundial. Na declaração conjunta que firmaram no último dia 12, exortam à busca de uma convivência pacífica e do diálogo inter-religioso. Pedem o auxílio para os cristãos perseguidos e a ação da comunidade internacional. Pedem pela libertação dos metropolitas de Alepo, Paulo e João Ibrahim, e suplicam aos céus para que o Criador proteja sua criação da destruição.

Eis o trecho mais significativo com relação a isso:

7. Determinados a realizar tudo o que seja necessário para superar as divergências históricas que herdámos, queremos unir os nossos esforços para testemunhar o Evangelho de Cristo e o património comum da Igreja do primeiro milénio, respondendo em conjunto aos desafios do mundo contemporâneo. Ortodoxos e católicos devem aprender a dar um testemunho concorde da verdade, em áreas onde isso seja possível e necessário. A civilização humana entrou num período de mudança epocal. A nossa consciência cristã e a nossa responsabilidade pastoral não nos permitem ficar inertes perante os desafios que requerem uma resposta comum.

8. O nosso olhar dirige-se, em primeiro lugar, para as regiões do mundo onde os cristãos são vítimas de perseguição. Em muitos países do Médio Oriente e do Norte de África, os nossos irmãos e irmãs em Cristo vêem exterminadas as suas famílias, aldeias e cidades inteiras. As suas igrejas são barbaramente devastadas e saqueadas; os seus objectos sagrados profanados, os seus monumentos destruídos. Na Síria, no Iraque e noutros países do Médio Oriente, constatamos, com amargura, o êxodo maciço dos cristãos da terra onde começou a espalhar-se a nossa fé e onde eles viveram, desde o tempo dos apóstolos, em conjunto com outras comunidades religiosas.

9. Pedimos a acção urgente da comunidade internacional para prevenir nova expulsão dos cristãos do Médio Oriente. Ao levantar a voz em defesa dos cristãos perseguidos, queremos expressar a nossa compaixão pelas tribulações sofridas pelos fiéis doutras tradições religiosas, também eles vítimas da guerra civil, do caos e da violência terrorista.

10. Na Síria e no Iraque, a violência já causou milhares de vítimas, deixando milhões de pessoas sem casa nem meios de subsistência. Exortamos a comunidade internacional a unir-se para pôr termo à violência e ao terrorismo e, ao mesmo tempo, a contribuir através do diálogo para um rápido restabelecimento da paz civil. É essencial garantir uma ajuda humanitária em larga escala às populações martirizadas e a tantos refugiados nos países vizinhos.

Pedimos a quantos possam influir sobre o destino das pessoas raptadas, entre as quais se contam os Metropolitas de Alepo, Paulo e João Ibrahim, sequestrados no mês de Abril de 2013, que façam tudo o que é necessário para a sua rápida libertação.

11. Elevamos as nossas súplicas a Cristo, Salvador do mundo, pelo restabelecimento da paz no Médio Oriente, que é «fruto da justiça» (Is 32, 17), a fim de que se reforce a convivência fraterna entre as várias populações, as Igrejas e as religiões lá presentes, pelo regresso dos refugiados às suas casas, a cura dos feridos e o repouso da alma dos inocentes que morreram.

Com um ardente apelo, dirigimo-nos a todas as partes que possam estar envolvidas nos conflitos pedindo-lhes que dêem prova de boa vontade e se sentem à mesa das negociações. Ao mesmo tempo, é preciso que a comunidade internacional faça todos os esforços possíveis para pôr fim ao terrorismo valendo-se de acções comuns, conjuntas e coordenadas. Apelamos a todos os países envolvidos na luta contra o terrorismo, para que actuem de maneira responsável e prudente. Exortamos todos os cristãos e todos os crentes em Deus a suplicarem, fervorosamente, ao Criador providente do mundo que proteja a sua criação da destruição e não permita uma nova guerra mundial. Para que a paz seja duradoura e esperançosa, são necessários esforços específicos tendentes a redescobrir os valores comuns que nos unem, fundados no Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.

12. Curvamo-nos perante o martírio daqueles que, à custa da própria vida, testemunham a verdade do Evangelho, preferindo a morte à apostasia de Cristo. Acreditamos que estes mártires do nosso tempo, pertencentes a várias Igrejas mas unidos por uma tribulação comum, são um penhor da unidade dos cristãos. É a vós, que sofreis por Cristo, que se dirige a palavra do Apóstolo: «Caríssimos, (…) alegrai-vos, pois assim como participais dos padecimentos de Cristo, assim também rejubilareis de alegria na altura da revelação da sua glória» (1 Ped 4, 12-13).

13. Nesta época preocupante, é indispensável o diálogo inter-religioso. As diferenças na compreensão das verdades religiosas não devem impedir que pessoas de crenças diversas vivam em paz e harmonia. Nas circunstâncias actuais, os líderes religiosos têm a responsabilidade particular de educar os seus fiéis num espírito respeitador das convicções daqueles que pertencem a outras tradições religiosas. São absolutamente inaceitáveis as tentativas de justificar acções criminosas com slôganes religiosos. Nenhum crime pode ser cometido em nome de Deus, «porque Deus não é um Deus de desordem, mas de paz» (1 Cor 14, 33)

(Imagem em destaque: tanques em frente a mesquita em Azaz, ao norte de Alepo, Síria. Foto: Christiaan Triebert.)

EUA e Cuba reabrem embaixadas

Após décadas de hostilidades, que incluíram invasões militares, transmissões clandestinas de rádio e televisão, atos de terrorismo – promovidos pelos EUA – e disputa ideológica de ambas as partes, Estados Unidos da América e Cuba reabriram hoje (20) suas embaixadas. Ainda não é a normalização completa das relações, que o presidente cubano condiciona a novas atitudes por parte do homólogo norte-americano, mas é mais um passo significativo na direção da integração e da abertura, iniciados ano passado.

Seção de interesses norte-americanos em Cuba, agora oficialmente uma embaixada. Foto: Escla/Wikimedia.
Seção de interesses norte-americanos em Cuba, agora oficialmente uma embaixada. Foto: Escla/Wikimedia.

Segundo a Agência Lusa, entre as exigências cubanas estão o fim do bloqueio comercial imposto pelos EUA, a devolução da base naval norte-americana em Guantânamo (Cuba), o fim das transmissões clandestinas de rádio e televisão a partir de equipamentos militares norte-americanos, o fim de programas que dão apoio a opositores do regime cubano, e a compensação pelos danos humanos e econômicos causados pelas políticas norte-americanas.

A reaproximação entre os países teve um dedo da Igreja Católica, mas o papa Francisco disse no retorno de sua viagem pastoral à América do Sul que “o mérito é deles, que fizeram isto. Nós não fizemos quase nada.” Houve, no entanto, meses de oração e uma missão cardinalícia com esse propósito. Em setembro o papa viajará a Cuba e aos Estados Unidos da América, incluindo um pronunciamento na Assembléia Geral das Nações Unidas.

Boletim de mártires 20/04/2015

Atualização: notícia de 28 cristãos etíopes mortos na Líbia.

Nos últimos dias, uma série de notícias sobre cristãos que sofrem por defender a fé. Hoje, na missa na Casa Santa Marta, o papa nos lembrou: “O Senhor desperta-nos com o testemunho dos santos, com o testemunho dos mártires, que todos os dias nos anunciam que a missão é caminhar no caminho de Jesus: anunciar o ano da graça.”

16/4: Parlamento Europeu exige que Turquia reconheça o genocídio armênio

Intelectuais armênios assassinados a 24 de abril de 1915 (Fonte: Wikimedia)
Intelectuais armênios assassinados a 24 de abril de 1915 (Fonte: Wikimedia)

O genocídio armênio, lembrado pelo papa no centésimo aniversário desse triste evento, foi objeto de declaração do parlamento da União Européia. O documento afirma que a Turquia deve “aproveitar a comemoração do centenário do genocídio armênio como uma oportunidade importante para prosseguir seus esforços —inclusive a desclassificação dos arquivos— por evidenciar o seu passado, reconhecendo o genocídio armênio e, desta maneira, abrir o caminho à uma verdadeira reconciliação entre os povos turco e armênio”. A Turquia, apesar das evidências históricas e das profundas mudanças promovidas pelo coronel Ataturk nos anos 1920, até hoje se recusa a reconhecer o crime contra a humanidade cometido pelo Império Turco-Otomano e pelo califado de então. O documento do Parlamento Europeu se segue a declarações do papa Francisco sobre esse genocídio e sobre outros massacres cometidos no século XX.

17/4: Congresso “Todos somos nazarenos”

Começou dia 17 em Madri o congresso Todos somos nazerenos. Um de seus objetivos é não deixar que o mundo esqueça o “genocídio cristão” atualmente em curso em diversas partes do mundo, mormente na África e na Ásia. “Nem um só minuto de esquecimento de quem sofre perseguição religiosa”, pediu Soledad Becerril. A situação é tão grave, lembra reportagem da ACI Digital, “que o observador permanente da Santa Sé ante as Nações Unidas, Dom Silvano Tomasi, pediu a intervenção armada para frear o chamado ‘Estado Islâmico'”.

A reportagem destaca ainda:

Sobre a perseguição no mundo, CitizenGo recorda alguns dados recentes que mostram o seu crescimento e ferocidade anticristã: “No último dia 2 de abril, um grupo fundamentalista matou 147 universitários no Quênia. Antes de realizarem a matança, os assassinos separaram os muçulmanos dos cristãos. Algumas testemunhas afirmam ter visto corpos decapitados. Lamentavelmente, essa é apenas a tragédia mais recente na Nigéria, outras ocorreram no Paquistão, na Líbia, na Síria ou no Iraque. As vítimas? Sempre as mesmas: os cristãos. Enquanto isso, o Ocidente parece continuar olhando para outra direção”.

E também:

“Devemos proteger os nossos irmãos e irmãs perseguidos, exilados, assassinados e decapitados. São nossos mártires. E são muito mais numerosos que nos primeiros séculos da Igreja (…) espero que a comunidade internacional não desvie seu olhar nem se mantenha calada e inerte perante esse crime inaceitável”.

Nesse ambiente, a cristã paquistanesa Asia Bibi – injustamente presa e condenada à pena capital – oferece-nos, desde o corredor da morte, uma demonstração de fé, firmeza e esperança. Assim ela escreveu na última Páscoa da Ressurreição:

“A Páscoa de Jesus Cristo nos dá um exemplo de paz e perdão. Todos temos de aprender do ensinamento e do sacrifício de Cristo, crucificado por nós. Perdoou a todos e todo o mal. Neste dia especial, peço para que todos os cristãos no Paquistão possam viver e orar em paz.”

17/4: Cemitérios cristãos vandalizados em Mosul e na Galiléia

Ruínas de Kafr Bir'Im, na Galiléia, aldeia cristã abandonada após a ocupação israelense. Foto: Anita/Flickr.
Ruínas de Kafr Bir’Im, na Galiléia, aldeia cristã abandonada após a ocupação israelense. Foto: Anita/Flickr.

Outra reportagem da mesma agência informa sobre o vandalismo realizado nos cemitérios de Mosul (Iraque, cidade ainda controlada pelo Estado Islâmico) e na Galiléia (sob controle israelense). Na primeira cidade, o vandalismo vem sendo realizado desde 2014, quando a cidade foi ocupada por fundamentalistas islâmicos. Na segunda, vem em seguida a uma série de vandalismos realizados por colonos extremistas judeus contra igrejas, mosteiros e cemitérios cristãos. A vila de Kafr Bir’Im, majoritariamente cristã, foi abandonada desde a ocupação israelense, e seus antigos habitantes e os descendentes deles estão proibidos de retornar.

17/4: Governo sírio dedica jardim a mártires do genocídio assírio

Na mesma onda de limpeza étnico-religiosa promovida pelos Jovens Turcos durante a Primeira Guerra Mundial, há cem anos, também cristãos siríacos (assírios) foram alvo de genocídio. O governo sírio, chefiado pelo alawita Bashar al Assad, denominou “Jardim dos mártires siríacos” um jardim no centro de Damasco, capital do país, celebrando o centenário do massacre de cristãos, sírios, assírios e caldeus na Anatólia, província do Império Turco-Otomano. Os cristãos e os alawitas estão entre os perseguidos pelo “Estado Islâmico”, que combate os governos da Síria e do Iraque.

18/4: Província paquistanesa limita aplicação da Lei da Blasfêmia

Apesar de não ter poder para alterar a Lei da Blasfêmia (que é usada para atacar as minorias religiosas e realizar vinganças pessoais no Paquistão, majoritariamente muçulmano), a província paquistanesa de Sindh determinou que os acusados passem primeiro por um exame psiquiátrico, que pode levar à atenuação da pena. A reportagem da Agência Fides informa:

Segundo Nasir Saeed, diretor da Ong “CLAAS”, a medida não representa uma mudança direta da lei sobre a blasfêmia. “É um passo significativo da parte do governo Sindh e ajudará a salvar vidas humanas e muitas vítimas inocentes”, visto que os vários casos, pois pessoas que sofrem de doença mental foram acusadas e consideradas blasfemas. A lei controversa continua “entre as causas principais de sofrimento dos cristãos e de outras minorias religiosas no Paquistão. Por isso é urgente fazer modificaçõese nesta lei”.
Saeed acrescenta numa nota enviada à Fides: “Gostaria que o governo Sindh fizesse mais um passo avante, adotando medidas que punem os que formulam falsas acusações de blasfêmia a fim de deter o abuso desta lei, usada para fazer vinganças pessoais”.

18/4: Professor cristão egípcio é afastado por mostrar vídeo contra o Estado Islâmico

O professor copta egípcio Yousif Aaman foi obrigado a abandonar, junto com sua família, o vilarejo natal, no Egito. Isso aconteceu após ele exibir, para cinco alunos, um vídeo em seu smartphone que acusava o chamado “Estado Islâmico” pelas atrocidades realizadas, como as execuções filmadas e divulgadas na internet. Segundo a Agência Fides, “isso foi o suficiente para despertar o ódio e as falsas acusações de islamistas da região, que obrigaram as autoridades locais a intervirem para restabelecer a calma, convocando para sexta-feira, 17 de abril, uma reunião de ‘reconciliação’ entre cristãos e muçulmanos, da qual participaram também imãs e sacerdotes da região.”

18/4: Tiroteio contra escola católica no Paquistão

Um estudante e dois seguranças ficaram feridos após terroristas abrirem fogo contra escola católica de ensino médio São Francisco, no distrito de Behar, província de Lahore, no Paquistão. “Este novo ataque testemunha a deterioração da situação dos cristãos no Paquistão e espalha ainda mais temor”, disse o advogado cristão Sardar Mushtaq Gill à agência Fides.

19/4: Cristãos etíopes mortos pelo Estado Islâmico na Líbia

Neste domingo, 19, o chamado “Estado Islâmico” divulgou vídeo do martírio de 28 cristãos etíopes na Líbia, 12 deles degolados em uma praia, 16 fuzilados no deserto. A Líbia se convulsiona em uma guerra civil desde que os EUA e as potências européias ajudaram grupos armados a derrubar o governo de Muammar Khadafi em 2011. Essa guerra civil proporcionou espaço para a ação de extremistas islâmicos (que agora se aliaram ao califado proclamado em territórios da Síria e do Iraque).

(Pintura em destaque: Jean-Léon Gérôme — A última prece dos mártires cristãos.)

Nigéria: grandes áreas libertadas. Esperança de que refugiados retornem ao lar.

Em preparação para as eleições realizadas no fim de semana, a Nigéria, com apoio de tropas do Chade e do Níger, conseguiu retomar 80% a 90% das áreas anteriormente dominadas pela milícia fundamentalista Boko Haram, aliada local do Estado Islâmico (que também vem sofrendo derrotas na região que controla).

Padre Patrick Tor Alumuku informou à Fides que “a ofensiva militar foi preparada nos últimos meses graças aos fornecimentos de armas provenientes da África do Sul, depois que os países ocidentais, em especial os Estados Unidos, se recusaram a vender armas à Nigéria”. A isso ele acrescentou:

Na Nigéria, em todo caso, se os nossos militares tinham a capacidade de expulsar Boko Haram, pergunta-se o motivo pelo qual se esperou dois anos para fazê-lo, provocando sofrimentos à população, e somente agora se passou à ação, nas vésperas das eleições.

Crianças refugiadas. Foto: Cáritas Nigéria.
Crianças refugiadas. Foto: Cáritas Nigéria.

Mas, com os olhos no futuro, o padre Evaristus Bassey, diretor executivo da Cáritas Nigéria, tem esperança: “Agora que o exército nigeriano está liberando as áreas ocupadas por Boko Haram existe esperança de que os desalojados retornem às suas casas, mas será preciso tempo porque a destruição é enorme”.

(Com informações da Agência Fides. Foto de destaque: militares nigerianos — Michael Larson/US Navy)

Mais de 1 milhão pedem a Obama que deixe de considerar a Venezuela ameaça

(Agência Brasil)

Mais de 1 milhão de venezuelanos assinaram pedido para que o presidente dos Estados Unidos (EUA), Barack Obama, anule decreto recente no qual considera a Venezuela “uma ameaça extraordinária e inusitada à segurança nacional” norte-americana.

A coleta de assinaturas faz parte da campanha iniciada pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, denominada “A Venezuela não é uma ameaça, é esperança”, que busca recolher 10 milhões de assinaturas até a 7ª Cúpula das Américas, marcada para 10 e 11 de abril, no Panamá.

“Quero anunciar a toda a pátria venezuelana, com profundo agradecimento, que neste domingo, 22 de março, superamos 1 milhão de assinaturas do povo (…) a dizer a Obama que anule o decreto já”, disse o presidente da Câmara Municipal de Libertador e porta-voz do Partido Socialista Unido da Venezuela.

Jorge Rodriguez falou à imprensa nas proximidades da Praça Bolívar, de Caracas, onde o governo venezuelano instalou um dos pontos de coleta de assinaturas.

No dia 9 deste mês, o presidente dos Estados Unidos determinou a aplicação de novas sanções a sete altos funcionários venezuelanos – entre eles o diretor-geral dos Serviços Secretos e o diretor da Polícia Nacional –, que acusa de violação dos direitos humanos. Eles ficam proibidos de entrar nos Estados Unidos e têm os bens congelados.

Obama declarou situação de emergência nacional nos EUA devido ao “extraordinário risco” que representa a situação na Venezuela para a segurança norte-americana.

Segundo a ministra venezuelana de Relações Exteriores, Delcy Rodríguez, os Estados Unidos planejam ir além das sanções contra funcionários venezuelanos e preparam um bloqueio econômico e comercial.

(Imagem de destaque: bandeira da Venezuela — Wikimedia)

ONU confirma: papa discursará na Assembléia Geral em setembro

A ONU confirmou ontem que o papa Francisco discursará dia 25 de setembro deste ano na Assembléia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, que estará celebrando os 70 anos da organização. Ele é o quarto papa a discursar na Assembléia Geral, tendo sido Paulo VI o primeiro deles.

Segundo a Rádio Vaticana, o presidente da ONU, Ban Ki-Moon, está confiante de que esta visita do Papa Francisco irá inspirar a comunidade internacional a redobrar os seus esforços em favor da dignidade humana para todos através de uma maior justiça social, tolerância e compreensão entre todos os povos do mundo.

Na ocasião, o papa terá encontros com os presidentes da ONU e da Assembléia Geral, bem como com os funcionários da entidade. Também nessa viagem aos Estados Unidos da América, Francisco será o primeiro papa a discursar no congresso americano.

Visão Católica

Será interessante ver o papa Francisco tratar da cultura do encontro, que ele tanto promove, em um organismo que, apesar de fundamental para as relações internacionais modernas, não tem conseguido atingir plenamente seu objetivo, que é a paz entre os povos.

A proposta da Igreja para a paz vem sendo delineada desde o pontificado de S. João XXIII, que na encíclica Pacem in Terris (“paz na Terra”, em latim), afirmou:

O progresso social, a ordem, a segurança e a paz em cada comunidade política estão em relação vital com o progresso social, com a ordem, com a segurança e com a paz de todas as demais comunidades políticas. (n.º 129)

Já seu sucessor, Paulo VI, estabeleceu três deveres na relação fraterna entre os povos:

O do dever de solidariedade, ou seja, o auxílio que as nações ricas devem prestar aos países em via de desenvolvimento; o do dever de justiça social, isto é, a retificação das relações comerciais defeituosas, entre povos fortes e povos fracos; o do dever de caridade universal, quer dizer, a promoção, para todos, de um mundo mais humano e onde todos tenham qualquer coisa a dar e a receber, sem que o progresso de uns seja obstáculo ao desenvolvimento dos outros. (Populorum progressio, 44)

E o progresso dos povos deve sempre “buscar reduzir desigualdades, combater discriminações, libertar o homem da servidão, torná-lo capaz de, por si próprio, ser o agente responsável do seu bem-estar material, progresso moral e desenvolvimento espiritual” (Populorum progressio, 34).

Creio eu que o papa irá ainda além de seus predecessores, estabelecendo um maior progresso da comunidade das nações, isto é, da comunhão simbólica que tem faltado para que uns compreendam os outros. Esse é um passo de suma importância para levantarem-se as barreiras que os conflitos erguem em toda parte. Enquanto não se esforçarem todos por falar a linguagem do outro, não haverá a tão almejada paz. (v. Gn 11,1-9)

(Com informações da Rádio Vaticana. Foto de destaque: Assembléia Geral das Nações Unidas — Wikimedia)

Onze países apelam a Obama para anular decreto sobre a Venezuela

(Agência Lusa)

Bandeira da Venezuela
Bandeira da Venezuela (Foto: Wikimedia)

Os 11 países da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba) apelaram nessa terça-feira (17) ao presidente norte-americano, Barack Obama, para anular o decreto no qual considera a Venezuela “ameaça invulgar e extraordinária” contra a segurança dos Estados Unidos.

Reunidos em Caracas, em encontro especialmente convocado para discutir a questão, os países-membros da Alba exigiram, em declaração final lida pelo presidente Nicolás Maduro, “o fim imediato do assédio e da agressão” de Washington à Venezuela.

A Venezuela “não constitui ameaça para nenhum país, porque é uma nação solidária, que demonstrou a sua vontade de cooperar com os povos e os governos da região”, diz o texto dos chefes de Estado e de governo dos países da Alba.

Visão católica

Os passos dados recentemente pelos EUA tendem a aumentar a tensão na região, acirrando as disputas políticas com seu maior fornecedor de petróleo, a Venezuela. Desde 1999, a Venezuela tem tido governos nacionalistas e populares, cada vez mais inclinados ao socialismo, talvez em decorrência do afastamento americano e dos golpes de Estado promovidos pela oposição política (pró-americana).

Um decreto que afirme ser a Venezuela uma ameaça à segurança nacional americana, como o editado por Obama há poucos dias, somente empurra o país latino-americano para outros aliados, como a Rússia e a China, que já declararam seu apoio. A tensão interna do nosso vizinho já é bastante grave, e não precisa ser alimentada de fora.

Lembremos que o golpe de Estado de 2001 foi dado logo após a publicação das leis de pesca e de hidrocarbonetos (petróleo), e teve o imediato reconhecimento americano.